Diretor do BC admite desconforto com projeções de inflação acima da meta

O Banco Central (BC) mantém sua preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação, afirmou na sexta-feira (19) o diretor de Política Econômica da instituição, Diogo Guillen. Apesar de reconhecer avanços recentes no processo de desinflação, ele ressaltou que as projeções do mercado seguem acima da meta e ainda inspiram cautela.

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Expectativas acima da meta preocupam o BC

Em seminário promovido pela FGV, Guillen explicou que, mesmo com indicadores apontando para certa desaceleração dos preços, o horizonte inflacionário segue pressionado. Segundo ele, a falta de convergência para a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é motivo de desconforto dentro da autoridade monetária.

“Embora tenhamos visto algum arrefecimento, as expectativas permanecem desancoradas. Isso exige atenção constante e disciplina na condução da política monetária”, afirmou.

Juros ainda são peça-chave no controle da inflação

Essa avaliação está diretamente ligada à estratégia de juros. Atualmente, a taxa Selic está em 9,25% ao ano, patamar considerado ainda necessário para conter a pressão sobre os preços. Guillen ressaltou que a definição dos próximos passos dependerá da evolução dos dados, mas frisou que o BC não abrirá mão do compromisso com a estabilidade de preços.

“A política monetária precisa ser firme o suficiente para trazer a inflação à meta, mas também sensível ao impacto sobre a atividade econômica”, destacou, em referência ao equilíbrio que o Copom busca entre combater a inflação e não sufocar o crescimento.

Além da incerteza doméstica, o diretor lembrou que o Brasil enfrenta riscos vindos do exterior, como a desaceleração da economia chinesa e a volatilidade no mercado de commodities. No plano interno, as preocupações se concentram nas pressões persistentes em energia e alimentos, que dificultam a convergência mais rápida da inflação.

Essa combinação, segundo Guillen, reforça a necessidade de uma comunicação clara com o mercado para preservar a credibilidade do Banco Central. “Nossa prioridade é garantir que a sociedade e os agentes econômicos confiem na capacidade do BC de manter a inflação sob controle”, afirmou.

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A fala do diretor foi acompanhada de reações quase instantâneas. O dólar registrou leve valorização e os juros futuros avançaram, refletindo a percepção de que a autoridade monetária pode adotar uma postura mais conservadora nas próximas decisões. Para investidores, o discurso sinaliza que a instituição seguirá firme no combate às incertezas que rondam o cenário inflacionário brasileiro.

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