O Banco Central (BC) autorizou na quarta-feira, 18 de junho de 2025, a primeira fase do aumento de capital do Banco Master, com um aporte de R$ 1 bilhão já efetivado pelos atuais controladores. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, eleva o patrimônio líquido da instituição de R$ 2,76 bilhões para R$ 3,76 bilhões, abrindo caminho para uma das maiores movimentações do setor bancário privado dos últimos anos: a entrada do BRB (Banco de Brasília) como acionista majoritário.
Embora o sinal verde do BC represente um avanço concreto, a aquisição de 58% do capital do Master pelo BRB ainda não está finalizada. Isso porque a operação depende da segunda parcela do aporte, também no valor de R$ 1 bilhão, que só será efetivada mediante a conversão de dívidas subordinadas em capital social, um processo que continua sob análise do regulador.
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Segundo o BRB, toda a documentação necessária para a aquisição já foi entregue ao BC, que agora conta com prazo formal de até 360 dias para se manifestar. A conclusão da compra está atrelada não apenas à autorização final do órgão supervisor, mas também à estrutura de capital da operação e à robustez financeira da instituição adquirida.
Parte dos recursos utilizados no aumento de capital provêm da venda de ativos do controlador do Master, Daniel Vorcaro, ao BTG Pactual, incluindo participações em empresas como Light e Méliuz. Essa injeção é considerada crucial para garantir a solidez patrimonial do Master antes da transferência de controle.
No plano concorrencial, a transação já foi aprovada sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O órgão entendeu que não há sobreposição significativa nas atividades dos dois bancos, o que reduz riscos à competitividade do setor.
Contudo, a operação não escapa de críticas. Analistas e membros do mercado financeiro destacam o histórico do Banco Master na emissão de CDBs com rentabilidades acima da média, muitas vezes lastreados em ativos considerados de difícil liquidez, como precatórios. O temor é que essas práticas aumentem o risco percebido pelo sistema financeiro e possam impactar a governança do BRB, caso a fusão não seja bem conduzida.
Caso a operação seja concluída, o Master passará a ter um patrimônio líquido estimado de R$ 6,1 bilhões, consolidando sua reestruturação após aquisições recentes como a da Will Financeira e do Banco Voiter, ambas em 2024. A nova estrutura reduzirá a exposição a ativos considerados não estratégicos cerca de R$ 33 bilhões que seguirão sob a gestão de Vorcaro e deve fortalecer a atuação do BRB fora do Distrito Federal.
Para o Banco de Brasília, a expectativa é que a aquisição gere R$ 2 bilhões em lucro nos primeiros cinco anos, além de permitir expansão nacional com base em tecnologia, crédito digital e novos nichos de mercado. Já para o Master, a aliança representa uma saída institucional após anos de ajustes internos e busca por maior capitalização.
Nas próximas semanas, o BC deve decidir sobre a segunda etapa do aumento de capital, condição indispensável para a formalização da compra. Se não houver recursos contrários, o Cade também homologará a decisão final em 15 dias.
Enquanto isso, investidores e reguladores seguem atentos à conclusão do processo. Em um cenário de maior vigilância sobre práticas de crédito e liquidez.