Conselho da Warner Bros. recomenda rejeição à oferta da Paramount e reforça acordo com Netflix

O conselho de administração da Warner Bros. Discovery recomendou formalmente que seus acionistas rejeitem a proposta de aquisição apresentada pela Paramount Skydance, avaliada em US$ 108,4 bilhões. A decisão, divulgada nesta quarta-feira (17), reforça o posicionamento favorável da companhia ao acordo previamente firmado com a Netflix, aprofundando uma das disputas corporativas mais relevantes da indústria do entretenimento nos últimos anos.

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Segundo a administração da Warner, a oferta da Paramount foi considerada inferior sob aspectos estratégicos, financeiros e operacionais, apesar de apresentar um valor nominal mais elevado. A avaliação levou em conta o grau de segurança do negócio, a estrutura de financiamento, o impacto sobre a dívida da companhia e as perspectivas de crescimento de longo prazo.

A recomendação do conselho marca mais um capítulo decisivo na corrida pelos ativos da Warner, que incluem estúdios históricos de cinema e televisão, plataformas de streaming e um dos catálogos audiovisuais mais valiosos do mundo. A companhia reúne títulos clássicos, franquias globais e séries consagradas, ativos considerados estratégicos em meio à chamada “guerra do streaming”.

Em comunicado oficial, o conselho afirmou que o acordo com a Netflix apresenta maior previsibilidade e menor risco de execução, além de não depender de novas rodadas de financiamento ou de estruturas complexas de alavancagem.

“Estamos convencidos de que a combinação entre Warner Bros. Discovery e Netflix ampliará o alcance criativo, fortalecerá a distribuição global de conteúdo e gerará valor sustentável para acionistas, criadores e consumidores”, destacou a empresa.

Anunciado no início de dezembro, o acordo entre Warner e Netflix prevê a venda dos estúdios de cinema e televisão, além da divisão de streaming, por US$ 72 bilhões. O valor total da operação pode chegar a US$ 82,7 bilhões, considerando a assunção das dívidas da Warner pela Netflix.

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Entre os principais pontos destacados pela diretoria estão:

  • Oferta de US$ 27,75 por ação, em uma operação considerada vinculante;
  • Pagamento majoritariamente em dinheiro, reduzindo incertezas para os acionistas;
  • Compromisso de manutenção dos lançamentos cinematográficos, um aspecto sensível para Hollywood;
  • Estrutura financeira sólida, sem necessidade de captação adicional relevante.

Caso o negócio seja concluído, a Netflix reduzirá sua dependência de estúdios externos, fortalecendo sua atuação não apenas no streaming tradicional, mas também em jogos, eventos ao vivo e novos formatos de consumo audiovisual. A transação ainda depende de aprovação de órgãos reguladores dos Estados Unidos.

Poucos dias após o anúncio do acordo com a Netflix, a Paramount apresentou uma oferta hostil, movimento que surpreendeu o mercado e elevou a tensão entre os gigantes do setor. Na proposta, a empresa ofereceu US$ 30 por ação em dinheiro, valor superior ao implícito no acordo com a Netflix quando considerado apenas o preço por papel.

Somando a compra e a absorção das dívidas da Warner, a oferta da Paramount alcança US$ 108,4 bilhões, tornando-se, em números absolutos, uma das maiores investidas da história recente da mídia.

No entanto, o conselho da Warner avaliou que a proposta envolve maior complexidade regulatória, riscos de integração e incertezas quanto à estrutura financeira, fatores que pesaram contra a recomendação aos acionistas.

Foto de arquivo: a torre de água dos estúdios Warner Bros. em Burbank, na Califórnia, EUA, em 18 de novembro de 2025 - Foto: Reuters/Mike Blake
Foto de arquivo: a torre de água dos estúdios Warner Bros. em Burbank, na Califórnia, EUA, em 18 de novembro de 2025 – Foto: Reuters/Mike Blake

A disputa extrapolou o ambiente corporativo e passou a envolver autoridades regulatórias, lideranças políticas e executivos de Hollywood. Desde o anúncio do acordo com a Netflix, o tema vem sendo acompanhado de perto em Washington, nos Estados Unidos, devido ao impacto potencial sobre concorrência, empregos e concentração de mercado.

Analistas apontam que qualquer uma das transações exigirá um rigoroso escrutínio antitruste, especialmente em um cenário de consolidação acelerada do setor de mídia e entretenimento.

Quem sair vencedor da disputa garantirá uma vantagem estratégica significativa, com acesso a um catálogo que inclui clássicos do cinema, grandes franquias e séries de alto valor comercial, além de uma base global de consumidores.

Para especialistas do setor, a recomendação do conselho da Warner sinaliza uma preferência clara por estabilidade e visão de longo prazo, ainda que isso signifique abrir mão de um valor imediato aparentemente maior.

Enquanto os acionistas se preparam para deliberar sobre as propostas, o desfecho promete redefinir o equilíbrio de forças no entretenimento global, com impactos diretos sobre criadores, consumidores e o futuro da produção audiovisual.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

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