Te recuerdo, Víctor Jara: 52 anos depois sua voz é símbolo de resistência

No Chile, setembro sempre será um mês de memória. Há 52 anos, em 1973, Víctor Jara foi silenciado pela brutalidade da ditadura de Augusto Pinochet. Mas sua voz, carregada de luta, ternura e esperança, nunca deixou de ecoar.

Cantor, compositor, poeta, diretor de teatro e militante, Jara transformou a música em arma contra a opressão. Filho de camponeses, cresceu em meio à pobreza, mas encontrou no canto popular um caminho para dar forma às dores e às esperanças do povo chileno.

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Victor com sua esposa Joan e suas filhas - Foto: Antonio Larrea/Reprodução
Victor com sua esposa Joan e suas filhas – Foto: Antonio Larrea/Reprodução

Nos anos 1960, tornou-se um dos grandes nomes da Nueva Canción Chilena, movimento cultural que uniu música, política e resistência.

Víctor acreditava que a arte deveria estar a serviço da justiça social. Suas canções falavam de amor, solidariedade, dignidade e liberdade.

Te recuerdo Amanda”, sua obra mais conhecida, não é apenas uma história de amor entre operários, é também uma denúncia silenciosa das jornadas extenuantes, da exploração e da fragilidade da vida sob o peso da desigualdade.

Capa do álbum ” Manifiesto” lançado após sua morte – Foto: Reprodução

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O golpe militar de 11 de setembro de 1973 interrompeu brutalmente esse canto. Preso na Universidade Técnica do Estado, Jara foi levado ao Estádio Chile, convertido em centro de tortura. Ali, sofreu violência inimaginável antes de ser assassinado com dezenas de tiros.

Tinha apenas 40 anos. O estádio, que testemunhou seu martírio, hoje leva seu nome: Estadio Víctor Jara.

Apesar da violência, o regime não conseguiu calar sua voz. Suas músicas atravessaram fronteiras, tornaram-se hinos da resistência latino-americana e ecoam até hoje em movimentos populares, protestos e celebrações.

Cinco décadas depois, sua figura permanece viva, não apenas como mártir, mas como símbolo da força da arte contra a barbárie. Recordar Víctor Jara é reafirmar que a memória é resistência e que a poesia pode ser mais forte que as balas.

Em “Manifiesto”, canção-testamento, ele resumiu sua vida e obra: cantar não por fama, mas por compromisso com o povo. Sua despedida em forma de música se tornou a promessa de que sua voz nunca se apagaria.

Foto: Reprodução

Ouça aqui as canções de Víctor Jara disponíveis no Spotify

Hoje, 52 anos depois, recordar Víctor Jara é sentir pulsar a alma da América Latina. Sua música atravessa fronteiras e o tempo, carregando a dor, a esperança e a luta de um povo inteiro.

Cada canção é um sopro de resistência, cada acorde um chamado à justiça e à dignidade. Que sua arte continue a inspirar corações e mentes, lembrando que, mesmo diante da opressão, a arte tem o poder de libertar e unir.

Víctor Jara vive em cada canto, em cada gesto de coragem, em cada sonho de liberdade.

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