Perus, a vala que fala: 35 anos da denúncia que ecoa até hoje

Em 4 de setembro de 1990, São Paulo e o Brasil se depararam com uma descoberta que escancarou uma das páginas mais sombrias da história nacional: a Vala de Perus, no Cemitério Dom Bosco, na zona noroeste da capital paulista.

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Ali, foram encontradas mais de mil ossadas, enterradas clandestinamente, sem identificação e sem dignidade. Essas ossadas pertenciam a vítimas da ditadura militar (1964-1985)militantes políticos assassinados pelo regime e também pessoas pobres, marginalizadas, vítimas da violência policial e dos esquadrões da morte.

A maioria foi enterrada como indigente, sem nome, com histórias ocultadas. Entre os militantes políticos identificados estão:

  • Antônio Carlos Bicalho Lana: Militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), preso e morto em 1973.
  • Denis Casemiro: Militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), assassinado em 1971. Seu corpo foi enterrado como indigente, com dados falsificados.
  • Dimas Casemiro: Irmão de Denis, também da VPR, morto em 1971 e enterrado na mesma vala.
  • Sônia Maria Angel Jones: Militante da ALN, assassinada em 1973 após prisão e tortura.
  • Flávio Carvalho Molina: Militante da ALN, morto em 1973 e enterrado como indigente.
  • Frederico Eduardo Mayr: Militante da ALN, morto em 1973 e enterrado como indigente.

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Vala de Perus Cemitério Dom Bosco - Foto: Jackeline Macedo
Cemitério Dom Bosco – Foto: Jackeline Macedo

Esses nomes representam apenas uma parte das vítimas da repressão. Muitos outros permanecem sem identificação, mas suas histórias não serão esquecidas.

A descoberta da vala foi um marco na luta por memória, verdade e justiça. Ela revelou ao país a extensão da violência do regime militar e a tentativa sistemática de ocultar seus crimes.

Hoje, 35 anos depois, a Vala de Perus continua sendo um símbolo da resistência e da busca incansável por dignidade e reconhecimento.

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