O Universo Mandrake

Nos últimos tempos, a cultura mandrake ganhou bastante espaço nos meios digitais. Alvo de críticas e preconceitos por seu modo extravagante e fora do padrão social, é um estilo de vida que vem conquistando força entre os jovens. Hoje, vamos entender um pouco mais sobre como tudo isso começou.

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A denominação “Mandrake” vem de um mágico do século XX, famoso por ser um ilusionista nato. No início, o termo se referia a infratores que roubavam motos, já que a facilidade com que elas desapareciam lembrava os truques do mágico.

Atualmente, o estilo mandrake vai muito além de roupas ou acessórios: é uma expressão de estilo próprio. Jovens da periferia desfilam com Mizuno nos pés, correntes no pescoço, pochete transversal no peito e boné aba reta, enquanto exibem cortes de cabelo ousados, com risquinhos ou descolorações que chamam atenção. Cada detalhe, do tênis aos óculos espelhados, transmite confiança e presença.

As gírias e o jeito de se portar completam a estética, criando um visual único que se conecta diretamente com o funk mandrake, trilha sonora que reforça o pertencimento à cultura da periferia.

Nas redes sociais, o estilo se espalhou rapidamente, virando trend e ganhando visibilidade — mas também enfrentando caricaturas e preconceitos de quem observa de fora. Um exemplo foi em 2021, quando uma trend tomou conta do TikTok: jovens apareciam em cenas simples do dia a dia e, com uma transição rápida, surgiam vestidos como mandrakes, usando juliet nos olhos, correntes no pescoço e o tradicional risquinho na sobrancelha. O desafio acumulou milhões de visualizações e ajudou a popularizar a estética, que passou a ser reconhecida até por quem não fazia parte da quebrada.

Outra trend viral mostrava jovens dizendo “nóis é mandrake”, enquanto exibiam os acessórios típicos do estilo, como coletes, tatuagens e até os locais onde residem. Esses vídeos reforçam o pertencimento ao grupo e mostram que ser mandrake vai além da roupa: é também uma demonstração de atitude e confiança, conectando jovens da periferia entre si.

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Uma das marcas mais fortes do mandrake é a apropriação de símbolos de luxo e ostentação, muitas vezes adaptados à realidade da periferia. Tênis caros, roupas de marca e acessórios chamativos não são apenas objetos de consumo: são instrumentos de resistência e estilo, que dizem “eu existo, eu tenho presença e não sigo o padrão imposto”.

Apesar da visibilidade, surge uma questão: o mandrake pode ser considerado um estilo alternativo? Movimentos como punk, gótico e emo nasceram à margem da sociedade e foram alvo de estranhamento justamente por desafiarem padrões estéticos e comportamentais. O mandrake, por sua vez, também quebra convenções, mas de uma forma que nem sempre é notada.

Para entendermos isso, precisamos refletir sobre o que é considerado “alternativo”. O termo se refere ao que é diferente do padrão ou tradicional, incluindo comportamento, estética e características culturais. Nesse sentido, os mandrakes podem ser vistos como parte do universo alternativo porque, assim como punks, góticos e emos, criaram uma estética própria e diferente do padrão social.

As roupas esportivas de marca, os cortes de cabelo chamativos e os acessórios viraram símbolos de pertencimento. Outro ponto em comum é o preconceito: todos esses estilos já foram criticados. No caso do mandrake, isso é ainda mais forte, pois não se trata apenas de moda, mas de uma expressão da periferia carregada de questões sociais.

Se olharmos para trás, vemos que essa cultura ocupa hoje o mesmo espaço que outros estilos ocuparam em suas épocas. Os punks tinham o moicano e o couro, os emos o cabelo caído e o preto, os góticos o visual sombrio. Todos marcaram gerações e deixaram um legado. O mandrake faz isso agora, mas com a cara da quebrada: mistura luxo, acessibilidade e resistência, sempre trazendo a periferia para o centro da conversa.

No fim, esse estilo vai além de moda ou aparência: é uma forma de se mostrar, se conectar com o grupo e ganhar confiança. Surgiu na periferia, se espalhou pelas ruas e redes sociais, se conecta com a música e cria referência entre os jovens. Mais do que apenas estilo, é pertencimento, mostrando que quebrar padrões e ser você mesmo pode transformar a cultura jovem e inspirar novas gerações.

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