Em meio a tambores, rezas e cores vibrantes, São Benedito é celebrado como símbolo de fé e resistência. Nas comunidades afro-brasileiras, sua devoção vai muito além da religiosidade: ela é uma expressão viva de ancestralidade, identidade e pertencimento.
Homem negro, cozinheiro e humilde, Benedito de Palermo tornou-se, séculos depois, o santo que representa a força espiritual daqueles que sobreviveram ao racismo e à escravidão com dignidade e fé.
Leia mais: 37 anos da Constituição Cidadã: o marco que reconstruiu a democracia brasileira
Desde o período colonial, as irmandades de São Benedito foram espaços de acolhimento, solidariedade e resistência negra.
Entre ladainhas e congadas, escravizados e libertos encontravam refúgio na fé do santo que os representava. Hoje, nas festas do interior e nas celebrações urbanas, seu culto mantém viva a herança africana em diálogo com o catolicismo popular e as tradições afro-religiosas.
Confira “Filhos do Silêncio” de Andrea dos Santos
Em cidades como Ouro Preto, Alcântara, Aparecida e Cuiabá, as festividades em homenagem a São Benedito são um espetáculo de sincretismo. Entre procissões, batuques e danças, o sagrado e o profano se unem em um mesmo ritmo, reafirmando a força da cultura negra na formação do Brasil.
É uma fé que não se ajoelha apenas diante do altar, mas também diante da história. A figura de São Benedito é, portanto, uma síntese do povo que não se deixou apagar. Ele é o santo da cozinha e da partilha, da música e da dança, da devoção que cura e alimenta.
Sua imagem carrega o perfume do dendê, o som dos atabaques e a força ancestral de quem transforma dor em celebração.Celebrar São Benedito é reafirmar a presença negra nas bases espirituais do país. É lembrar que fé e cultura caminham lado a lado e que, no Brasil, a religiosidade é também um ato político de memória, resistência e amor.









