O samba brasileiro perdeu uma de suas vozes mais marcantes. Morreu na noite do último sábado (14) aos 88 anos, Ubirajara Félix do Nascimento, o inesquecível Bira Presidente. O sambista estava internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e enfrentava um quadro de saúde delicado, agravado por complicações de câncer de próstata e Alzheimer.
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Figura lendária das rodas de samba, Bira foi um dos fundadores do Cacique de Ramos, bloco criado em 1961, que se tornaria um verdadeiro berço do samba carioca. Foi também um dos pilares do grupo Fundo de Quintal, formação que modernizou o gênero ao incorporar novos instrumentos e lançar nomes históricos da música popular brasileira. Seu estilo irreverente, sorriso cativante e habilidade única com o pandeiro fizeram de Bira um dos maiores símbolos do samba de raiz.
O Cacique de Ramos foi muito mais do que um bloco: tornou-se um movimento cultural. Sob a liderança de Bira, o espaço revelou nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Sombrinha, Almir Guineto, Beth Carvalho, Arlindo Cruz e muitos outros. Com seu carisma natural e seu compromisso com a tradição, ele se tornou uma ponte entre o passado e o futuro do samba.
Ao longo de mais de cinco décadas à frente do Cacique, Bira fez do samba um instrumento de resistência, celebração e identidade coletiva. O Fundo de Quintal, grupo que ajudou a fundar no final dos anos 1970, também foi decisivo para ampliar a presença do samba nos palcos e rádios de todo o país, marcando gerações e criando um estilo próprio.
O falecimento de Bira Presidente gerou comoção entre sambistas, escolas de samba, fãs e instituições culturais. O Ministério da Cultura e a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro prestaram homenagens ao artista, destacando sua importância histórica para a preservação e reinvenção do samba no Brasil. Nas redes sociais, artistas e fãs destacaram seu legado como mestre, referência e símbolo de um tempo em que o samba era vivido em comunidade.
O velório de Bira Presidente acontecerá nesta segunda-feira, 16 de junho, das 14h às 16h30, na Capela 9 do Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Durante a cerimônia, a bateria do Cacique de Ramos fará uma homenagem musical ao sambista, celebrando sua vida e seu impacto na cultura brasileira.
