Há muito tempo, o termo “representatividade” circula em debates e campanhas, mas pouca gente entende o quanto ele é essencial na infância. Para uma criança, enxergar alguém parecido consigo mesma — na cor da pele, no cabelo, no corpo ou no modo de falar — é mais do que uma coincidência: é um sinal de que ela também pertence.
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Quando materiais didáticos, brinquedos, desenhos e filmes trazem diferentes rostos, culturas e histórias, as crianças aprendem desde cedo que o mundo é plural. Elas percebem que podem sonhar grande, ocupar espaços, liderar, criar e ser o que quiserem.
Nas pequenas descobertas do dia a dia, o olhar da criança capta mensagens o tempo todo. Se ela só vê heróis brancos, princesas de cabelo liso e famílias de um único padrão, pode começar a achar que há algo errado em ser diferente. Mas, quando se reconhece, a história muda. Um simples “ela é como eu” pode despertar autoestima, orgulho e pertencimento.
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Ver uma boneca de pele escura na vitrine, um desenho com sotaque nordestino ou uma menina de cabelo crespo como protagonista é entender que sua existência importa. É se ver dentro das narrativas, e não mais à margem delas. Especialistas em desenvolvimento infantil reforçam que essa identificação ajuda a construir confiança e empatia, reduzindo o preconceito e ampliando o respeito às diferenças.
A escola e a família têm papel decisivo nesse processo. Quando o ensino inclui livros e atividades que mostram a diversidade brasileira, as crianças aprendem a valorizar o que cada uma tem de único. Em casa, o incentivo deve ser o mesmo: acolher, ouvir e ensinar que ser diferente é bonito.
Em um país tão múltiplo quanto o Brasil, negar a representatividade é negar a própria realidade. Por isso, ela precisa estar nas telas, nas salas de aula, nas prateleiras e nas histórias que contamos.









