O Brasil perdeu neste domingo (20) uma de suas vozes mais marcantes. A cantora, apresentadora e empresária Preta Gil morreu aos 50 anos, em Nova York, após uma longa batalha contra um câncer colorretal.
A artista estava em tratamento nos Estados Unidos desde o início do ano, buscando terapias experimentais para conter o avanço da doença, diagnosticada em janeiro de 2023.
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Filha do cantor Gilberto Gil e da empresária Sandra Gadelha, Preta deixa o filho, Francisco Gil, e a neta, Sol de Maria. Reconhecida por seu carisma, talento e ativismo, ela será lembrada como uma mulher que fez de sua arte uma ferramenta de transformação social.
Desde o diagnóstico, Preta Gil optou pela transparência. Compartilhou com o público cada etapa do tratamento: da quimioterapia às cirurgias, dos momentos de dor às pequenas vitórias.
Em dezembro de 2024, passou por uma cirurgia de mais de 20 horas no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A retirada do tumor, do útero e parte do intestino representou uma tentativa agressiva de conter a doença.
Apesar dos esforços, a cantora teve uma recidiva em agosto de 2024, com metástases em outros órgãos. Em 2025, com o quadro agravado, partiu para os Estados Unidos em busca de novas possibilidades. Foi lá que, cercada pela família e equipe médica, faleceu neste domingo.

Lançando seu primeiro álbum em 2003, Prêt-à-Porter, Preta Gil logo se destacou por sua autenticidade e irreverência. Misturando pop, samba, funk e MPB, ela construiu uma discografia marcante, além de ser responsável por um dos blocos de carnaval mais populares do país, o Bloco da Preta, que arrastava multidões no Rio de Janeiro.
Mas Preta era mais que música. Era também militância, corpo político e resistência viva. Defensora de pautas como o feminismo, o antirracismo, o combate à gordofobia e os direitos LGBTQIA+, transformou sua trajetória em palco de empoderamento e inclusão. Com sua agência Music2Mynd, ajudou a fomentar diversidade e visibilidade no mercado da cultura.
A notícia de sua morte causou forte comoção nas redes sociais. Celebridades, políticos e fãs manifestaram pesar. “Uma mulher que foi farol para tantas outras”, escreveu a cantora Ivete Sangalo. “Sua voz ecoará para sempre na música brasileira”, postou a ministra Margareth Menezes.
O pai, Gilberto Gil, até o momento, não se pronunciou publicamente, mas está ao lado da família nos Estados Unidos. O corpo deve ser trasladado para o Brasil nos próximos dias, com previsão de velório íntimo no Rio de Janeiro.
Preta Gil foi símbolo de alegria, coragem e autenticidade. Enfrentou a vida e a morte de frente, com a mesma intensidade com que subia ao palco ou defendia causas sociais. Sua presença marcou uma geração e sua ausência será sentida por muitas outras.
Sua história não termina aqui. Ela segue viva nas canções, nas imagens, nas ruas por onde passou seu bloco, e nos corações que ela tocou com sua arte e sua humanidade.