No dia 29 de setembro, o Brasil lembra a trajetória de duas jovens militantes que tombaram na Guerrilha do Araguaia: Helenira Rezende de Souza Nazareth e Suely Yumiko Kanayama. Ambas escolheram enfrentar a ditadura civil-militar não apenas com palavras, mas com armas, incorporando a luta organizada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
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Suas histórias, silenciadas durante décadas, hoje ressurgem como símbolos de resistência, coragem e protagonismo feminino. Helenira Rezende, conhecida entre os companheiros como “Fátima”, foi estudante de Filosofia da USP e vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Jovem, inteligente e de firme oratória, tornou-se referência no movimento estudantil nos anos 1960. Após o golpe de 1964 e as perseguições que se seguiram, aderiu ao PCdoB e integrou a Guerrilha do Araguaia. Em setembro de 1972, foi morta em combate.
Testemunhos indicam que, mesmo ferida, continuou a lutar até ser abatida, tornando-se um dos rostos mais marcantes da resistência armada.
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Suely Kanayama, Codinome “Chica” de ascendência japonesa, era estudante de Letras na USP e também militante do PCdoB. Discreta, dedicada e solidária, atuou no Destacamento B da Guerrilha do Araguaia. Inicialmente foi militante na AP( Ação Popular) junto à Rioco Kayano fez parte do grupo ” Exército Japonês “.
Morreu metralhada na redondezas do Araguaia em setembro de 1974, dois anos após o assassinato de Helenira, em combate contra as forças militares que avançavam sobre o movimento guerrilheiro, seu nome passou a integrar a extensa lista de desaparecidos e mortos políticos da ditadura.
As trajetórias de Helenira e Suely revelam uma dimensão muitas vezes invisibilizada da história: o papel das mulheres na luta contra o autoritarismo.
Elas deixaram para trás famílias, estudos e projetos pessoais em nome de um ideal coletivo de liberdade e justiça social. Em uma época em que a repressão utilizava a violência como regra, a presença feminina na guerrilha expôs a coragem de jovens que recusaram a passividade e ousaram desafiar a tirania.
Hoje, 53 anos após suas mortes, a memória de Helenira Rezende e Suely Kanayama permanece como denúncia contra os crimes de Estado e como inspiração para novas gerações. Lembrar seus nomes não é apenas um exercício de homenagem, mas um ato político de resistência. Em cada lembrança, reafirma-se a convicção de que a democracia se constrói também pela memória daqueles que pagaram com a vida o preço da liberdade.









