Morre grande cartunista Jaguar, um dos fundadores do Pasquim

O cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, conhecido como Jaguar, morreu neste domingo (24), no Rio de Janeiro, aos 93 anos. Criador de traços marcantes e de humor afiado, Jaguar foi um dos fundadores do semanário “O Pasquim“, jornal que marcou a história da imprensa alternativa no Brasil, ao enfrentar a censura e ironizar a ditadura militar.

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Nascido em 29 de fevereiro de 1932, no Rio, Jaguar começou sua carreira em 1952, na revista Manchete, e logo se destacou como um dos nomes mais importantes do cartum brasileiro. Participou de publicações como Senhor, Última Hora e Tribuna da Imprensa, até reunir, em 1969, um grupo de jornalistas e cartunistas que daria vida ao Pasquim.

Ao lado de Millôr Fernandes, Ziraldo, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Henfil e outros, Jaguar ajudou a construir o semanário que se tornaria símbolo da resistência cultural.

Coube a ele sugerir o nome do jornal, inspirado no termo usado para designar publicações de caráter difamatório. Também foi Jaguar o criador do rato Sig, mascote inspirado em Sigmund Freud, que se transformou em ícone do Pasquim. Durante os anos de chumbo, ele e seus colegas enfrentaram perseguições, processos e até prisão em 1970, quando parte da redação chegou a ser encarcerada por três meses.

Mesmo com a repressão, O Pasquim se tornou um espaço de crítica mordaz à ditadura e de renovação no humor gráfico e literário brasileiro. Jaguar foi o único fundador a permanecer na equipe até o encerramento do semanário, em 1991.

Depois disso, seguiu trabalhando em jornais como O Dia e participou da criação da revista Bundas, em 1999, novamente ao lado de Ziraldo. Ao longo da vida, Jaguar foi reconhecido como um dos grandes cronistas visuais da história do Brasil.

Em 2008, recebeu indenização da Comissão de Anistia, em reparação às perseguições sofridas durante o regime militar. Sua irreverência e humor cáustico atravessaram gerações, inspirando cartunistas e jornalistas.

A morte de Jaguar encerra um capítulo fundamental da cultura brasileira. Mais do que um cartunista, ele foi um símbolo da resistência criativa contra a opressão. Sua obra permanece como testemunho de que, mesmo nos períodos mais sombrios, o riso pode ser uma poderosa forma de enfrentamento.

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