Em tempos onde o barulho da guerra insiste em silenciar os pequenos sons da vida, um piano pode soar mais perigoso do que uma arma. Esse é o fio condutor de Melodia Proibida (Broken Keys, 2021), drama dirigido por Jimmy Keyrouz, que transforma a música em símbolo de resistência e humanidade. O longa foi o representante do Líbano ao Oscar de Melhor Filme Internacional e, mais que uma denúncia social, é uma carta de amor à arte — escrita com sangue, poeira e esperança.
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A cidade que proibiu a música
O enredo nos leva a uma cidade não nomeada, dilacerada por um grupo extremista que decide banir a música. Sim, a música. Não os crimes, não a dor — mas as melodias. Para Karim, um jovem pianista, esse decreto é mais do que uma censura: é um golpe em sua própria identidade. Seu piano, destruído por tiros, torna-se símbolo de um mundo desfeito. Mas ele não se rende. Decide encontrar as peças para consertá-lo — mesmo que isso signifique arriscar a própria vida.

Essa jornada, ao mesmo tempo simples e grandiosa, é o que move o filme. Karim não busca vingança, mas conserto. E talvez seja essa a maior força do filme: mostrar que, em meio à brutalidade, é o gesto de restaurar — e não destruir — que exige mais coragem.
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Música como santuário
A trilha sonora, assinada pelo consagrado compositor Gabriel Yared, não é mero pano de fundo. Ela é personagem. É grito e prece. A cada nota tocada, sentimos não apenas a sensibilidade do pianista, mas o peso do mundo que ele carrega nos dedos. A música se transforma em uma forma de oração, uma ponte entre o que foi e o que ainda pode ser.

Jimmy Keyrouz dirige com sobriedade e sensibilidade. Ele não apela para cenas chocantes ou discursos dramáticos. Seu cinema escuta. Observa. E por isso, emociona. A fotografia, marcada por tons áridos e luz natural, reforça o contraste entre destruição e beleza, entre violência e arte. Há algo de sagrado nas imagens — não pelo espetáculo, mas pela verdade silenciosa que carregam.
Uma metáfora do nosso tempo
Embora ambientado em um contexto específico do Oriente Médio, Melodia Proibida fala sobre qualquer lugar onde a arte é censurada, onde a expressão é considerada uma ameaça, onde a beleza é tratada como subversiva. A história de Karim nos diz que a cultura pode ser ferida, mas não destruída. Que ainda podemos tocar, mesmo com teclas quebradas.

É nesse ponto que o filme toca mais fundo. Ele não oferece grandes reviravoltas, nem finais redentores. O que oferece é algo mais raro: dignidade. A dignidade de um homem que, diante da ruína, escolhe insistir em um gesto criador. Que escolhe fazer soar uma melodia — mesmo proibida, mesmo perigosa — porque sabe que é nisso que reside sua liberdade.
Para além do filme
Melodia Proibida é uma obra que se recusa a ser esquecida. Não apenas por sua delicadeza visual ou seu roteiro conciso, mas porque nos lembra de algo essencial: quando tudo ao redor ruir, talvez reste apenas o que fazemos com as mãos. Um piano. Um poema. Uma escultura. Uma dança. A arte como refúgio e resistência.

Se você procura um filme que não apenas conte uma boa história, mas que ecoe dentro de você muito depois dos créditos finais, dê uma chance a Melodia Proibida. Talvez ele não te ofereça respostas, mas vai te entregar o mais importante: o som daquilo que ainda pulsa dentro de nós.
Onde assistir
Melodia Proibida (clique aqui para assistir) está disponível na plataforma Looke, streaming brasileiro de filmes e séries por assinatura, parceiro do Portal Ponto360. Seu catálogo conta com mais de dez mil conteúdos de diferentes gêneros e países, incluindo títulos originais e exclusivos, e ainda o Looke Kids, uma área dedicada às crianças que pode ser acessada separadamente dos demais títulos.
Curiosidades sobre Melodia Proibida
- O filme foi o representante oficial do Líbano para a categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2021.
- A trilha sonora é assinada por Gabriel Yared, vencedor do Oscar e conhecido por composições emotivas e marcantes.
- As cenas foram filmadas em regiões afetadas por conflitos reais, o que confere uma autenticidade brutal ao cenário do longa.
- Jimmy Keyrouz, diretor e roteirista, é também pianista e compositor, o que enriquece a ligação do filme com a música.
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