Masp projeta futuro com equilíbrio entre patrimônio, inovação e diálogo institucional

O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) vive um momento de reflexão estratégica.

Em entrevista concedida, o presidente da instituição, Heitor Martins,  aborda com franqueza desafios que a casa enfrenta como financiamento, acervo e o papel público do museu ao mesmo tempo em que aponta para um futuro de expansão, abertura e humildade institucional.

Entre os temas centrais da conversa está a polêmica envolvendo a venda de parte dos célebres cavaletes idealizados por Lina Bo Bardi, peças icônicas da museografia do Masp. O museu confirmou que iniciou a comercialização desses suportes em 2022, para reorganização de recursos, enquanto o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) abriu em seguida um processo de investigação sobre a exposição ou venda desses bens tombados.

Simultaneamente, Heitor Martins cita o recente roubo em Musée du Louvre, em Paris, ocorrido em 2025  como alerta para a vulnerabilidade a que até grandes museus estão sujeitos, classificando como “uma lição de humildade” no campo cultural.

Martins afirma que o Masp não pode simplesmente repetir fórmulas do passado. “Reconhecer as limitações de orçamento, de logística ou de acervo  não representa fraqueza, mas maturidade”, disse ele na entrevista. Seu plano é ampliar o acervo e diversificar as narrativas artísticas representadas, ao mesmo tempo em que tornar o museu um espaço cada vez mais conectado à cidade e à sociedade brasileira.

Em termos práticos, o Masp trabalha para consolidar sua infraestrutura, governança e modelos de financiamento mais sustentáveis  e entende que a liberdade estética e curatorial depende de uma base institucional sólida. Em paralelo, o museu prepara a inauguração do novo edifício anexo, que levará o nome do primeiro diretor artístico, Pietro Maria Bardi, e está previsto para março de 2025, aumentando em aproximadamente 66% a área expositiva da instituição. 

Com a missão de preservar, questionar e difundir a arte, o Masp se coloca agora em uma encruzilhada: manter a identidade fundacional  pautada por Lina Bo Bardi, por exemplo, enquanto se reinventa para os próximos anos. Se a venda de alguns ativos provoca debates, ela também abre a porta para repensar o que significa “museu” em São Paulo, no Brasil e no mundo. A expectativa, segundo Martins, é que dessa tensão entre tradição e inovação surja uma instituição mais aberta, mais plural e com voz própria no cenário cultural.

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