LeLui Bar e Cozinha: a alta gastronomia da ZN

Ao pensar em um restaurante de gastronomia renomada, com aquele conceito clássico de “arte” nos pratos, você raramente pensaria na Zona Norte de São Paulo, correto? O automático é pensar nas Zonas Sul e Oeste, por via de regra, por uma questão histórica de “pertencimento” das altas classes a essas regiões. E é justamente com essa premissa que nasce o LeLui Bar e Cozinha, no ano de 2019.

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Com a missão de ser uma das referências em experiências gastronômicas na Zona Norte, a casa, localizada no bairro do Carandiru, se baseia na culinária ibérica — especialmente a portuguesa — e mediterrânea para trazer seus pratos ao público. O restaurante não é muito grande, mas tem acomodações mais que suficientes, recebendo todos com extremo conforto, de um almoço solo a um grupo com 10 ou mais pessoas. Independente da quantidade, a equipe do salão faz com que todos se sintam em casa, desde o primeiro contato com a recepção até o último com os garçons.

O LeLui possui um estacionamento próprio, na fachada e no corredor lateral, fator que facilita o acesso; no entanto, são poucas vagas, algo entre 10 ou 15 espaços. Chegue cedo se quiser garantir seu carro próximo. No mais, o entorno possui ruas que possibilitam estacionar sem Zona Azul, e alguns estacionamentos particulares também estão disponíveis na região.

O menu da casa, LeLui, tem inspiração Mediterrânea - Foto: Reprodução/Instagram LeLui
O menu da casa tem inspiração Mediterrânea – Foto: Reprodução/Instagram LeLui

Na minha experiência, fomos em cinco pessoas (quatro adultos e uma criança), no horário de almoço de domingo, por volta do meio-dia. Nessa faixa de horário, pudemos escolher entre as várias mesas disponíveis — o salão começa a encher por volta das 13h30/14h. Prontamente, fomos acomodados em uma mesa redonda, e imediatamente o garçom trouxe o menu da casa, que é “enxuto”, tendo mais páginas na carta de vinhos do que na parte de pratos.

O menu de entradas tem várias boas opções, mas a pedida da vez foi o prato chamado “Tostadas e Brie” (R$ 89,00), que leva pão italiano, queijo brie ao forno, melaço cítrico, crispy de parma e nozes caramelizadas. A apresentação do prato é um verdadeiro show, mas infelizmente não consegui fotografar a tempo a chegada da entrada. Acontece. No mais, a porção atende bem quatro pessoas (lembrando que é uma entrada), chegando bem quente e perfumada, graças à mistura de mel, queijo e pão quente.

A entrada "Tostadas e Brie" abre os trabalhos com um show de qualidade - Foto: Matheus Santopes
A entrada “Tostadas e Brie” abre os trabalhos com um show de qualidade – Foto: Matheus Santopes

As fatias de pão em formato triangular são perfeitas para pegar bons pedaços do queijo e das guarnições, que compõem uma sensação no mínimo curiosa: o pão, junto do crispy de parma, dá a base crocante para um queijo perfeitamente cremoso e derretido, salgado na medida certa e com a textura complementada pelas nozes caramelizadas, que são levemente amolecidas. Ao juntar tudo em uma fatia, deixa de ser um prato e se torna uma explosão na boca. Excelente entrada. Em outras oportunidades (somos antigos frequentadores do restaurante), já pedimos também as bruschettas da casa, que são muito boas, crocantes e saborosas na medida certa.

Nos pratos principais, optamos por quatro variações, mas abordaremos apenas três, pois uma delas foi bem convencional: Filé-mignon à parmegiana (R$ 82,00). As outras três foram o “Grana Mignon” (R$ 98,00), “Fettuccine Mediterrâneo” (R$ 98,00) e “Fettuccine Mar e Terra” (R$ 92,00), todos assinados pelo chef da casa.

Fettuccine Mar e Terra une beleza e sabor de forma excepcional - Foto: Matheus Santopes
Fettuccine Mar e Terra une beleza e sabor de forma excepcional – Foto: Matheus Santopes

A começar pelo Mar e Terra, temos um prato belíssimo, apresentado em uma louça escura que complementa a cor do preparo, contrastando com os tons alaranjados do camarão. Em sua composição, temos camarões com mix de cogumelos salteados na manteiga com ervas e alho negro, em uma massa fresca, servida no ponto certo. No paladar, a junção dos sabores constrói um sabor único, marcado fortemente pela sensação “marinha” dos camarões, equilibrados pelos cogumelos, finalizando com o toque de alho negro que “amarra” a experiência do prato como um todo.

Grana Mignon é um excelente risoto, fugindo do óbvio - Foto: Matheus Santopes
Grana Mignon é um excelente risoto, fugindo do óbvio – Foto: Matheus Santopes

Na sequência, experimentei o Grana Mignon, um belo risoto de queijo Grana Padano, servido em uma apresentação espetacular, com dois belos medalhões de filé mignon ao ponto, cobertos com molho roti e finalizados com cebolas ao vinho — divinas. O sabor do Grana é bem marcante, mas não deixa o prato desequilibrado. O risoto é, definitivamente, o ponto alto da refeição; pois, apesar de macio e suculento, o mignon é apenas “ok”. Sabor comum, sem algo extremamente chamativo, talvez por ser pensado para ser coadjuvante, e não protagonista. O que dá um toque diferenciado à construção de sabores é a união do molho roti com as cebolas ao vinho. Um excelente prato, que foge do óbvio de um risoto, mas não é o melhor de todos.

Uma bela apresentação pra um prato incrível, só peca pela falta de praticidade - Foto: Matheus Santopes
Uma bela apresentação pra um prato incrível, só peca pela falta de praticidade – Foto: Matheus Santopes

E depois de dois bons pratos, chegamos ao que, para mim, foi o destaque da tarde: Fettuccine Mediterrâneo. Talvez um dos melhores pratos de frutos do mar que já comi em toda a minha vida — e, se tem algo que eu goste muito, é comer frutos do mar. O prato é composto por camarões, anéis de lula e mexilhões, envolvidos por um belo molho romesco, feito à base de tomates, pimentões e amêndoas. A massa, fresca e na espessura e ponto perfeitos, é bem acompanhada desse molho que é leve e altamente saboroso.

Faltam palavras para descrever a experiência, que é altamente “pedaçuda”, dada a quantidade de frutos que a acompanha. O molho tem um sabor marcante dos pimentões, e é bem complementado pelo salgado equilibrado dos camarões. Se há um ponto negativo, por menor que seja, é a parte dos mexilhões: apesar de extremamente saborosos e bem temperados, e de estarem posicionados de forma muito bela no empratamento, são pouco práticos de consumir, e não há um prato de apoio para depositar as conchas, que acabam ficando no canto do prato, dificultando um pouco as coisas. No mais, um prato excelente.

O restaurante é aconchegante e acomoda todos muito bem - Foto: TripAdvisor
O restaurante é aconchegante e acomoda todos muito bem – Foto: TripAdvisor

Por motivos de força maior (estômagos maravilhosamente satisfeitos), não pedimos sobremesa, nem vinho ou um dos vários drinks autorais da casa (todos dirigindo. Se for dirigir, não beba!) para acompanhar a bela refeição.

A casa funciona de terça a sábado, das 11h às 00h00, e domingo e segunda, das 11h às 15h30. Está localizada na Rua Jacunã, 302, no bairro do Carandiru. O restaurante aceita Vale-Refeição como forma de pagamento, tem acessibilidade completa e uma variedade de pratos que atende desde os paladares mais simples até os mais sofisticados. O ticket médio da experiência é de R$ 200,00 por pessoa (considerando 1 entrada, 1 prato principal, 1 sobremesa e 1 bebida).

Se for para resumir a casa em uma nota de 0 a 10, a nota é um óbvio 10, por entregar com maestria o que se propõe: arte em forma de culinária, na Zona Norte. Fugir do óbvio das zonas Sul e Oeste faz muito bem.

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