José Roberto Arantes, vice da UNE morto pela ditadura: a memória como justiça

Em 4 de novembro de 1971, o Brasil perdia mais um de seus jovens militantes políticos. José Roberto Arantes, então vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), foi morto pela ditadura militar em um episódio marcado por violência e silêncio.

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Cinquenta e quatro anos depois, sua história segue viva como símbolo da juventude que enfrentou o autoritarismo e pagou com a própria vida por acreditar em um país livre e democrático. Natural de São Paulo, José Roberto Arantes era estudante universitário e tinha uma trajetória marcada pelo engajamento político.

Na UNE, lutou pela reorganização do movimento estudantil após a entidade ser colocada na ilegalidade pelo regime militar em 1968.

Corajoso, articulado e firme em suas convicções, tornou-se uma das vozes mais ativas da resistência estudantil e um dos principais articuladores de ações de mobilização contra a repressão. Arantes foi preso e torturado nas dependências do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) de São Paulo, um dos principais centros de repressão e extermínio da ditadura.

A versão oficial divulgada à época afirmava que ele teria morrido em confronto armado, mas documentos e testemunhos posteriores comprovaram que se tratou de uma execução política, uma entre tantas tentativas do regime de encobrir crimes de Estado.

A história de José Roberto é parte de uma ferida coletiva que o Brasil ainda busca cicatrizar.

Como tantos outros jovens, ele acreditava na transformação social por meio da organização popular e estudantil. Sua trajetória representa uma geração que se recusou a aceitar o silêncio e o medo como forma de vida.

Hoje, lembrar de José Roberto Arantes é mais do que um gesto de homenagem — é um ato de justiça e de resistência. É reafirmar que o esquecimento também é uma forma de violência, e que a democracia se fortalece quando a memória é preservada.

Seu nome está entre os mais de 400 mortos e desaparecidos políticos reconhecidos pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). Mas, mais do que uma estatística, José Roberto continua sendo um símbolo da juventude que ousou sonhar com o impossível.

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