João Carlos Haas Sobrinho, o “Dr. Juca”, e seus companheiros: 53 anos de ausência e resistência, presentes hoje e sempre

No dia 30 de setembro de 1972, nas matas do Araguaia, o médico e militante João Carlos Haas Sobrinho, o Dr. Juca, tombava ao lado de seus companheiros Manoel José Nurchis e Ciro Flávio Salazar de Oliveira.

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Mais de cinco décadas depois, a ausência física desses três guerrilheiros não significa silêncio. Pelo contrário: suas histórias permanecem vivas na memória coletiva, como símbolos de coragem, entrega e resistência contra a ditadura militar.

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Nascido em São Leopoldo (RS) em 1941, Juca destacou-se desde cedo na militância estudantil, presidindo o Centro Acadêmico Sarmento Leite da UFRGS e a União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Sul.

Médico formado, escolheu dedicar sua prática às populações pobres do Maranhão, onde abriu um pequeno hospital e atendeu gratuitamente a comunidade. Para ele, cuidar do povo e lutar contra a opressão eram expressões do mesmo compromisso humano. Perseguido pelo regime, ingressou no PCdoB e, em 1966, viajou à China para treinamento político e militar.

Ao retornar, integrou a Guerrilha do Araguaia, onde exerceu tanto a função de combatente quanto a de médico, cuidando dos companheiros em meio à clandestinidade. Sua morte, registrada em 30 de setembro de 1972, foi marcada pela violência: relatos apontam que seu corpo e os de seus companheiros foram exibidos em praça pública como demonstração de força do regime.

Até hoje, seus restos mortais não foram entregues às famílias, reforçando a condição de desaparecidos políticos. Naquele mesmo confronto, também tombaram Manoel José Nurchis, jovem militante conhecido pelo codinome “Gil”, e Ciro Flávio Salazar de Oliveira, arquiteto e combatente do PCdoB.

Como Juca, eles deixaram para trás juventude, sonhos e futuros interrompidos pela repressão, mas entregaram suas vidas ao ideal de liberdade. Suas mortes no mesmo dia selaram não apenas uma tragédia individual, mas uma prova da determinação de um grupo inteiro que acreditava na possibilidade de um Brasil mais justo.

Relembrar Juca, Manoel José e Ciro Flávio é relembrar também todos os companheiros e companheiras que tombaram no Araguaia: Helenira Rezende, Osvaldo Orlando da Costa (Osvaldão), Suely Kanayama, Maurício Grabois e tantos outros.

São histórias entrelaçadas por solidariedade, sacrifício e dignidade. São vozes que a ditadura tentou calar, mas que se recusam a desaparecer, ecoando nas lutas pela democracia e pelos direitos humanos. Hoje, suas trajetórias são revisitadas em livros, HQs, documentários e atos de memória.

Mais do que lembrança, representam a certeza de que a história não pode ser apagada. Cada homenagem reafirma que a luta por verdade, memória e justiça segue atual e necessária.

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Um comentário

  • É um prazer ler os artigos que homenageiam nossos heróis.
    É preciso divulgar a história verdadeira deste país, e termos um veículo de comunicação engajado nesta missão, me traz um conforto, uma esperança, uma certeza de que a luta dos familiares de desaparecidos não foi e não é em vão.
    Agradeço a dedicação de Jackeline e toda a equipe.
    #ditaduranuncamais

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