Desde o dia 26 de novembro, aqui no Brasil, estreou o documentário “Evangelho da Revolução”, dirigido pelo francês François-Xavier Drouet. Em tempos de polarização e crise social, essa obra surge como um testemunho da Teologia da Libertação, movimento que uniu a fé, justiça e resistência na América Latina. O documentário, além de reviver os episódios históricos, provoca também uma reflexão sobre o papel da Igreja diante da pobreza e da opressão.
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Entre a Igreja e a Política: Confrontos e Repressão
O documentário também contextualiza a trajetória de líderes emblemáticos como Dom Hélder Câmara, que se declarava um revolucionário pacífico, e Dom Óscar Romero, assassinado por defender os direitos dos pobres em El Salvador. A obra destaca que a Teologia da Libertação não apenas contestou regimes autoritários, mas também sofreu com a censura e o esvaziamento promovidos pela Igreja institucional, o que abriu espaço para o avanço das denominações evangélicas nas periferias.
Surgimento, Legado e Atualidade: Teologia da Libertação
Para entender o impacto histórico, é preciso voltar às origens do movimento. Criada na década de 1960, a Teologia da Libertação surgiu como uma leitura radical do Evangelho: a vivência cristã não seria apenas contemplativa, mas uma prática de libertação e engajamento político a partir da perspectiva dos pobres. Como explica Leonardo Boff, um de seus principais expoentes, “não se trata de política partidária, mas de política do amor, da justiça e da solidariedade”.
Além do contexto histórico, “Evangelho da Revolução” dialoga com o presente, trazendo entrevistas com líderes contemporâneos como padre Júlio Lancellotti, que reconhece os desafios de manter uma postura socialmente engajada em uma estrutura eclesiástica muitas vezes hostil ou desmobilizada.
A obra evidencia que a Teologia da Libertação é mais do que um capítulo histórico: é um chamado à ação e à reflexão sobre a opção pelos pobres que permanece atual em um mundo marcado por desigualdades persistentes.
O filme também aborda a coragem e espiritualidade desses atores sociais, reforçando que a fé pode ser um instrumento de transformação, mesmo em cenários de repressão política e censura.
“Evangelho da Revolução” é um registro fundamental para compreender a importância da Teologia da Libertação na América Latina. Ele evidencia como a fé e a política podem se entrelaçar em busca de justiça social, mostrando que a Igreja dos pobres deixou marcas profundas na luta por direitos humanos e na resistência contra regimes autoritários.
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Ao final, a obra não apenas resgata uma história quase esquecida, mas provoca o espectador a refletir sobre o papel da religião e da solidariedade na construção de sociedades mais justas. Como aponta Leonardo Boff, “a fé que não desafia o mundo é uma fé que se rende”.
Sinopse de Evangelho da Revolução
O documentário acompanha a trajetória da Teologia da Libertação, movimento que transformou a atuação da Igreja Católica na América Latina ao unir fé, justiça social e resistência política. A partir de arquivos raros e depoimentos de protagonistas — entre eles Frei Betto, Leonardo Boff, padre Júlio Lancellotti e imagens históricas de Dom Óscar Romero — o filme revela como comunidades cristãs enfrentaram ditaduras, protegeram perseguidos e ajudaram a formar alguns dos mais importantes movimentos populares do continente.
Dirigido por François-Xavier Drouet, Evangelho da Revolução reconstrói uma história marcada por coragem, espiritualidade engajada e disputas dentro da própria Igreja. A obra mostra como, apesar de pressões e perseguições, a Teologia da Libertação permaneceu viva nas bases, inspirando lutas sociais que seguem atuais. É uma viagem pela memória de um movimento que fez da fé um instrumento de emancipação e de transformação profunda da sociedade latino-americana.
Agenda de exibições
Sessões com debate e presença do cineasta
02/12 – Salvador – Cine Glauber Rocha – 19h30
04/12 – Recife – Cinema da Fundação – 19h
05/12 – João Pessoa – Cine Bangüê – 19h
08/12 – Brasília – Cine Cultura – 19h
09/12 – Ouro Preto – Museu da Inconfidência – 18h30
11/12 – Belo Horizonte – Cine Santa Tereza – 17h
13/12 – Petrópolis – Cinemaxx Bauhaus – 17h (com Leonardo Boff)
