Honestino Guimarães: há 52 anos, desaparecia o estudante que virou símbolo da resistência

Em 10 de outubro de 1973, o estudante Honestino Monteiro Guimarães, então presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), desaparecia após ser preso por agentes do Centro de Informações da Marinha (Cenimar), no Rio de Janeiro.

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Desde então, seu corpo nunca foi encontrado. O líder estudantil, natural de Itaberaí (GO) e aluno de Geologia da Universidade de Brasília (UnB), tornou-se um dos principais símbolos da juventude que enfrentou a repressão da ditadura civil-militar brasileira.

Honestino chegou à capital federal em 1962, quando a UnB ainda nascia como um projeto ousado de universidade crítica e transformadora.

Foi ali que se destacou no movimento estudantil, defendendo uma educação livre e comprometida com as causas sociais. Durante os anos de chumbo, tornou-se voz ativa contra a censura e a perseguição política, o que o colocou na mira dos órgãos de segurança do regime.

Preso e torturado em diferentes momentos, Honestino viveu na clandestinidade até ser capturado em 1973. Testemunhos e documentos reunidos pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) e pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) indicam que ele foi levado ao DOI-CODI/RJ, onde foi morto sob tortura.

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O Estado brasileiro negou por décadas sua responsabilidade, sustentando a narrativa de que o estudante havia fugido do país. Somente em 2014, mais de 40 anos depois, a certidão de óbito de Honestino Guimarães foi retificada, reconhecendo oficialmente sua morte como resultado da repressão política.

Mesmo sem túmulo, Honestino permanece presente. Seu nome batiza ruas, escolas, centros acadêmicos e movimentos estudantis. Na UnB, o Centro Acadêmico de Geologia voltou a levar seu nome, reafirmando o compromisso com a memória e a democracia.

A cada 10 de outubro, estudantes, familiares e militantes de direitos humanos lembram o desaparecimento de Honestino como um ato de resistência contra o esquecimento.Mais de meio século depois, sua história continua a inspirar novas gerações a compreender que liberdade e justiça são conquistas que exigem coragem.

Honestino Guimarães vive nas vozes que não se calam e nas memórias que insistem em permanecer.

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