O que você vê no quadro acima? Eu o “pintei” com a ajuda da inteligência artificial, unindo meu olhar de jornalista à paixão pela arte romântica do século XIX. Essa é só arte digital ou será que essa fusão de criatividade humana e tecnológica é o verdadeiro desafio do futuro da arte e dos museus?
Grandes eventos — como o Next In Summit, em Madri, o Culture Summit, em Abu Dhabi, e o FILES 2025, em São Paulo — discutiram exatamente isso. Artistas, diretores de museus e especialistas em tecnologia debateram como a IA está transformando o mundo da arte, a experiência dos museus e o papel do artista.
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A Nova Tela: Quando a IA Assina a Obra
No caso da imagem destacada da matéria, a inteligência artificial (IA) não é apenas uma ferramenta nas mãos do artista: ela se tornou coautora, curadora e, em alguns casos, a própria musa.
Obras como Machine Hallucinations, de Refik Anadol, exemplificam essa fusão entre o humano e o digital. Anadol transforma vastos conjuntos de dados em experiências sensoriais imersivas, desafiando as fronteiras tradicionais da arte.
“Inventamos uma nova forma de arte.”
— Refik Anadol, em abertura de sua exposição no Museu Guggenheim de Bilbao.
Museus: Entre a Tradição e a Inovação
Segundo especialistas, os museus — tradicionais guardiões da cultura — estão se reinventando na era digital. A IA oferece novas possibilidades para pesquisa de acervos, otimização de exposições e personalização da experiência do visitante. Tecnologias como realidade aumentada e algoritmos de recomendação tornam as visitas mais interativas e acessíveis.
Essa arte imersiva e interativa une entretenimento e cultura. Ryan Wineinger-Schatti, da Disney, chama isso de “edutainment” (education + entertainment).
“Um espaço físico é insubstituível. Os museus têm uma conexão emocional com a comunidade.”
Apesar das vantagens, a implementação de IA exige investimentos significativos e levanta questões éticas sobre a autoria das obras e o impacto da automação no trabalho humano dentro das instituições culturais.
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O Impacto Global e as Perspectivas Futuras
Eventos internacionais têm sido plataformas importantes para discutir o papel da IA na arte e nos museus, abordando desde a preservação digital de patrimônios culturais até experiências imersivas que transcendem os limites físicos dos espaços tradicionais.
No Culture Summit, realizado na Ilha de Saadiyat, em Abu Dhabi, especialistas reforçaram que arte e tecnologia são um casamento inevitável. A mentalidade dos criadores contemporâneos do evento:
“Se a IA é mais inteligente que nós, usemo-la.”
A ilha abriga a nova instalação da teamLab, o Phenomena, um museu japonês de arte digital interativo, onde o público interage com paredes que se movem, esculturas de luz e ambientes que reagem ao toque. A filial de Tóquio recebeu 2,5 milhões de visitantes em um único ano, superando museus renomados como o Van Gogh Museum e o Picasso Museum.

https://www.teamlab.art/pt/e/phenomena#modal-1
“Trabalhamos jogando, construindo a partir da ideia de que não existe resposta certa — e a tecnologia está aqui para alimentar a criatividade.”
— Takashi Kudo, teamLab
Primeiro arte foi feita nas paredes das cavernas, depois nas telas, e agora talvez seja “o prompt” que define o novo tempo da arte. No fim, o futuro não está nas mãos frias das máquinas, nem nas mãos desvalorizadas dos artistas — mas no toque invisível entre ambas.
Porque, quando o código se torna pincel, o mundo deixa de ser apenas visto — ele passa a ser interpretado.
Crie sua própria obra com IA
Se quiser testar essa experiência e criar sua própria obra, aqui vai o caminho que usei:
Gere uma pintura [estilo de arte que você gosta] exibida em um grandioso museu [aqui pode especificar o tipo de museu que você gosta], retratando uma [aqui descreva o que quer que apareça no quadro com o máximo de detalhes que puder]. A luz [aqui pode colocar que tipo de iluminação gostaria]. A atmosfera transmite [coloque o sentimento que quer que seu quadro passe] — inspirada no [se tiver um estilo artístico preferido, só colocar aqui], com pinceladas detalhadas, tons de cores quentes e uma textura suave de pintura. O clima evoca paz, beleza e introspecção tranquila.
💡 Dica extra: o especialista em TI Gustavo Marinho explica que escrever os comandos em inglês tende a gerar resultados mais precisos, já que a maioria das inteligências artificiais foi treinada com base em textos nesse idioma. Ou seja: monte seu prompt, traduza-o para o inglês — e só então peça à sua IA favorita para criar a imagem.
Porque, no fim, a arte — seja feita de tinta, luz ou código — continua sendo o espelho mais sensível daquilo que ainda nos torna humanos.









