Em 11 de setembro de 1973, o Chile viveu um dos momentos mais sombrios de sua história. O golpe militar liderado pelo general Augusto Pinochet derrubou o presidente Salvador Allende, eleito democraticamente, e instaurou uma ditadura que duraria até 1990.
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O ataque ao Palácio de La Moneda não apenas marcou o fim de um governo socialista que buscava reformas profundas, mas também abriu caminho para 17 anos de repressão, censura e violência.
Durante o regime de Pinochet, estima-se que mais de 3.200 pessoas foram mortas ou desapareceram, além de milhares de presos políticos que sofreram torturas em centros clandestinos de detenção.
Locais como Villa Grimaldi e Londres 38 tornaram-se símbolos de terror e perseguição contra opositores, militantes de esquerda, sindicalistas, estudantes e até mesmo cidadãos sem ligação política direta.
A violência do Estado provocou também uma grande diáspora. Milhares de chilenos foram forçados ao exílio, espalhando-se por países da América Latina, Europa e América do Norte. Ao mesmo tempo, movimentos sociais e familiares de desaparecidos mantiveram viva a luta por memória e justiça.
Entre eles, destacam-se as mulheres que criaram as Arpilleras, bordados que denunciavam os crimes da ditadura e circulavam pelo mundo como forma de resistência silenciosa, mas poderosa.
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Com o fim do regime em 1990, iniciou-se um longo processo de transição democrática e de busca por justiça.
Ao longo das últimas décadas, tribunais chilenos condenaram militares e agentes do Estado envolvidos em crimes de lesa-humanidade, embora muitos processos ainda não tenham chegado ao fim.
Para familiares das vítimas, a sensação é de que a justiça segue sendo lenta e, em parte, incompleta.
Atualmente, o Chile mantém espaços de memória, como o Museo de la Memoria y los Derechos Humanos, em Santiago, que preserva documentos, testemunhos e objetos relacionados à repressão.
Esses locais são fundamentais para educar as novas gerações sobre os horrores da ditadura e evitar que o país repita erros do passado.
Ainda assim, setores conservadores tentam relativizar os crimes cometidos, o que torna a luta pela memória ainda mais necessária.
Passados 52 anos do golpe, o Chile continua a conviver com as cicatrizes abertas pela ditadura de Pinochet.
A cada aniversário do 11 de setembro, manifestações e atos em homenagem às vítimas reafirmam o compromisso de familiares, movimentos sociais e da sociedade civil com a verdade e a justiça.
Em um momento em que a democracia enfrenta novos desafios na América Latina, lembrar esse período não é apenas um dever de memória, mas também um alerta para o presente.