As modas atuais são ditadas pelas redes sociais, especialmente o TikTok. Lá, tendências surgem e o velho se torna novo, como o estilo dos anos 2000 e músicas da década de 90. E dentre essas, a leitura e clube do livro voltou ao gosto da Geração Z. O fenômeno do “BookTok” é onde se encontram criadores de conteúdo e leitores para compartilhar recomendações literárias, resenhas e até mesmo discussões sobre os livros.
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Artistas e pessoas públicas têm visto esse movimento e criaram-se clubes de livro online, uma vez que, em 2024, segundo relatório da PublishNews, houve um crescimento de 30% nos assinantes de plataformas dedicadas exclusivamente à leitura. Um exemplo relevante, envolvendo leitura e jovens, é o Youtuber e empresário, Felipe Neto, com mais de 47 milhões de inscritos em seu canal. Ele, que sempre deixou claro sua paixão por literatura, lançou em 2024 seu novo livro “Como Enfeitar o Ódio” e, após isso, o Clube do Livro Felipe Neto.
Uma plataforma digital onde seus seguidores fazem encontros online para debater a obra escolhida, além de aulas especiais como a do integrante da sua equipe, Marcel Albuquerque, professor de filosofia. Apesar de ser criador na internet há 15 anos, Felipe defende a bandeira de vídeos longos e o uso consciente das mídias sociais. Ele costuma explicar sobre como os vídeos curtos podem ser prejudiciais à saúde, especialmente a dos jovens. Essa conscientização dá espaço para o crescimento do seu clube e outros criadores de conteúdo no nicho.
O Relatório Meta Insights Brasil revelou que o número de grupos “Book Club” no Instagram aumentou em 45% de dezembro de 2023 a abril de 2025. Segundo o próprio TikTok, a hashtag #clubedolivro teve 120 milhões de visualizações em 2024. O formato digital como live, Discord, Telegram democratiza a participação, pois ultrapassa obstáculos geográficos e socioeconômicos. Por exemplo, o grupo no Telegram “Conexão Leitura” possui mais de 15 mil membros.
Clubes do livro e saúde mental: mais que leitura, um autocuidado coletivo
Com a disseminação das informações sobre os malefícios do uso excessivo de redes sociais, os passatempos, antes abandonados, estão saindo da tela do celular. A leitura é o “velho” hábito que está conquistando os corações mais novos, principalmente esses que estão se preocupando cada vez mais com o seu bem-estar.
O aumento da preocupação com a saúde mental tornou a leitura uma forma saudável para relaxar. A Universidade de Sussex, da Inglaterra, apontou, em uma pesquisa, que ler ajuda a reduzir até 68% dos níveis de estresse. Augusto Buchweitz, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, afirma que ler pode atuar como um exercício que estimula o cérebro.
Além de retomar o ato de consumir livros, a Geração Z também está ressignificando o objetivo por trás deste hábito. Não só para adquirir pensamento analítico, para fins acadêmicos, decifrar palavras, absorver conhecimentos diversos ou imergir em fantasias, mas co-criar comunidades, empoderar vozes e transformar realidades.
Esses clubes renasceram como ambientes onde há conexão, liberdade, aprendizado e ação social. Todos podem (e devem) fazer parte desse novo – velho – hábito de se entregar aos livros e histórias. Sejam no papel ou na tela do e-reader, a moda agora é ler.