Chile reacende disputa sobre origem da batata frita

A batata frita, um dos acompanhamentos mais populares do mundo, voltou ao centro de um debate histórico após o Chile reforçar, no fim de 2024, a reivindicação de que a iguaria teria surgido em seu território. Embora a discussão sobre a origem do prato seja antiga, tradicionalmente atribuída à Bélgica ou à França, pesquisadores chilenos apresentaram uma leitura renovada de documentos coloniais que indicariam o consumo de batatas fritas já no século XVII, no sul do país.

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O argumento se baseia em registros históricos que mencionam “papas fritas” em 1629, durante o período de conflitos entre espanhóis e o povo mapuche. A referência aparece em relatos escritos décadas depois, mas descreve práticas alimentares anteriores às datas geralmente citadas pela historiografia europeia. O que é novo não é apenas a reivindicação em si, mas o uso desses documentos como evidência para reposicionar a América do Sul no debate sobre a origem do prato.

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A retomada do tema gerou interesse internacional por questionar uma narrativa consolidada e por reforçar o papel dos povos originários andinos na história da batata, alimento que só chegou à Europa após a colonização. Especialistas apontam que, mesmo que a batata frita moderna não existisse exatamente como hoje, a prática de fritar o tubérculo pode ter raízes americanas, o que amplia a discussão para além da autoria formal do prato.

Além do campo acadêmico, a polêmica também tem impacto cultural e simbólico. Cidades chilenas passaram a explorar a possível ligação histórica como estratégia de valorização local e turística, enquanto o debate evidencia como alimentos cotidianos carregam disputas de memória, identidade e poder. Assim, a batata frita deixa de ser apenas um acompanhamento e se torna um exemplo de como a história da alimentação segue em constante revisão.

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