Chester Bennington: o luto que virou voz contra o silêncio da depressão

Há exatos 8 anos, no dia 20 de julho de 2017, o mundo perdia uma das vozes mais poderosas e vulneráveis da música contemporânea. Chester Bennington, vocalista do Linkin Park, foi encontrado morto em sua casa, na Califórnia, vítima de suicídio. A tragédia reverberou não apenas no universo do rock, mas entre milhões de pessoas que enxergavam nas músicas da banda uma forma de se conectar, de desabafar, de sobreviver.

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A morte de Chester, aos 41 anos, foi mais do que a perda de um artista. Foi um alerta doloroso sobre os silêncios da saúde mental mesmo quando se está sob os holofotes, mesmo cercado de sucesso. Seu falecimento, inclusive, ocorreu no mesmo dia em que seu amigo e também cantor Chris Cornell completaria 53 anos.

Cornell, vocalista do Soundgarden e do Audioslave, havia morrido dois meses antes, em maio daquele mesmo ano, também por suicídio.Chester cantou em seu funeral. As perdas abalaram profundamente o cenário do rock alternativo e acenderam discussões urgentes sobre depressão, luto e acolhimento.

Nascido em 1976, no Arizona, Chester teve uma infância marcada por traumas. Foi vítima de abuso sexual na infância, conviveu com drogas ainda jovem e usou a música como válvula de escape para uma dor que o acompanharia por toda a vida.

Em 1999, foi convidado a integrar o Linkin Park, que na época ainda se chamava Hybrid Theory. Com sua chegada, a sonoridade da banda ganhou força, e a fusão de seu vocal rasgado com o rap de Mike Shinoda se tornou assinatura de um estilo que desafiava rótulos.

LINKIN PARK PHOTO SESSION. HELLS KITCHEN, NEW YORK CITY. 2000

O álbum de estreia, Hybrid Theory (2000), explodiu mundialmente e vendeu mais de 30 milhões de cópias. Músicas como Crawling e One Step Closer não eram apenas hits eram desabafos embalados por guitarras e batidas eletrônicas.

Logo em seguida, Meteora (2003) consolidou o grupo como uma das maiores bandas do início dos anos 2000, ao lado de nomes como Evanescence, Limp Bizkit e Korn.

Chester não era apenas um vocalista.Era um corpo em ebulição no palco. Suas performances intensas, muitas vezes viscerais, carregavam a dor de quem lutava para continuar em pé. Fora do Linkin Park, ele criou o projeto Dead by Sunrise, mais introspectivo, e se aventurou como vocalista temporário do Stone Temple Pilots, uma de suas bandas favoritas da adolescência.

Foto: Chester e os integrantes do Linkin Park- Getty Images

Chester Bennington falava abertamente sobre seus conflitos internos. Em entrevistas, não escondia os períodos de recaída, a luta contra o vício, a dor do abuso, os pensamentos suicidas. No entanto, sua sinceridade era também seu gesto de resistência: “Às vezes, você simplesmente não sente que vale a pena continuar. Mas você continua por quem você ama. Pela sua música. Pelo que acredita”, disse em um documentário da banda.

Em 2017, o Linkin Park lançava o álbum One More Light, o mais melódico e emocional da carreira. A faixa-título, uma homenagem a um amigo da equipe da banda que havia morrido, falava sobre luto e presença: “Quem se importa se mais uma luz se apagar no céu de um bilhão de estrelas?”. Dias após a morte de Chester, a música ganhou um novo significado. O clipe, com imagens de bastidores e apresentações, tornou-se um memorial não oficial ao vocalista uma carta de amor e adeus ao artista e ao ser humano.

Legado eterno

A ausência de Chester deixou um vácuo irreparável. Seus seis filhos, seus amigos de banda e milhões de fãs ao redor do mundo transformaram o luto em ação. Surgiram iniciativas de prevenção ao suicídio, projetos voltados à saúde mental e campanhas encabeçadas por artistas e organizações ligadas à música.

A banda, após um período de silêncio, voltou a se reunir com uma nova vocalista a cantora Emily Armstrong .

Chester Bennington in memorian – Getty Images

Chester Bennington continua vivo em cada fã que encontrou consolo nas suas letras. Em cada adolescente que ouviu “Numb” num momento de dor. Em cada adulto que voltou à adolescência ao escutar “Breaking the Habit”. Em cada pessoa que, como ele, luta contra a escuridão todos os dias.

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