58 anos sem Che Guevara: o homem que virou símbolo da revolução latino-americana

58 anos, no dia 9 de outubro de 1967, Ernesto “Che” Guevara foi executado na Bolívia, encerrando uma das trajetórias mais marcantes e controversas do século XX.

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Mais do que um homem, Che tornou-se um símbolo universal de rebeldia, idealismo e resistência, um ícone que ultrapassou fronteiras, regimes e gerações. Sua imagem eternizada na fotografia de Alberto Korda e o refrão imortal da canção “Hasta siempre, Comandante” seguem ecoando como um grito de luta em toda a América Latina.

Nascido em 14 de maio de 1928, em Rosario, na Argentina, Ernesto Guevara de la Serna cresceu em uma família de classe média e, desde cedo, demonstrou inquietação intelectual e sensibilidade diante das injustiças sociais.

Estudante de medicina, cruzou a América do Sul de motocicleta, e as desigualdades que presenciou durante essa jornada transformaram o jovem médico em um revolucionário em formação. A viagem, retratada em seu diário e no filme “Diários de Motocicleta”, foi o ponto de virada: ali nascia o Che que enxergava na revolução o caminho para libertar os povos da opressão e da pobreza.

Em 1955, no México, Che conheceu Fidel e Raúl Castro, unindo-se ao movimento que derrubaria a ditadura de Fulgencio Batista em Cuba. Dois anos depois, embarcou na expedição do Granma e, mesmo enfrentando derrotas e doenças, emergiu como um dos líderes mais respeitados da Revolução Cubana.

Após a vitória em 1959, Che ocupou cargos estratégicos no governo revolucionário — foi ministro da Indústria, presidente do Banco Nacional e principal defensor da criação do “homem novo”, movido por ideais coletivos e não por interesses individuais. Seu discurso era duro, seu idealismo inabalável, e sua imagem começou a atravessar fronteiras como símbolo de coragem e convicção.

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Insatisfeito com a estagnação revolucionária, Che deixou Cuba em 1965 para espalhar o ideal libertário em outros países. Passou pelo Congo e, em seguida, foi para a Bolívia, onde tentou organizar um foco guerrilheiro. Cercado, faminto e sem apoio local, foi capturado em 8 de outubro de 1967 e executado no dia seguinte por militares bolivianos com o apoio da CIA.

Aprendimos a quererte desde la histórica altura…”, canta Carlos Puebla em “Hasta siempre, Comandante”, composição que se tornou o hino eterno de despedida e reverência a Che. A música atravessou gerações e países, perpetuando a lembrança do comandante que sonhou com um continente livre.

Che permanece um personagem paradoxal: amado e odiado, celebrado e criticado. Para uns, é o símbolo máximo da resistência anticapitalista e da luta contra o imperialismo; para outros, representa um autoritarismo revolucionário que recorreu à violência em nome de um ideal.

Ainda assim, é impossível negar sua influência política e cultural. Sua imagem estampa murais, bandeiras, camisetas e protestos, muitas vezes esvaziada de contexto, mas sempre carregada de energia contestadora.

Ele se tornou um símbolo global da utopia e da rebeldia, ainda que o mundo que ele imaginou pareça cada vez mais distante.

Hasta siempre, Comandante, canta o povo.

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