Foi no palco da Broadway que o mundo conheceu Anne Frank: entenda sua trajetória até se tornar símbolo de resistência

Anne Frank, aos 13 anos, começou a escrever em seu diário seus pensamentos e sentimentos mais profundos, relatando os dois anos em que ela e sua família, de origem judaica, viveram escondidos em Amsterdã, na Holanda, durante o Holocausto. Essa história emocionou milhões de pessoas ao redor do mundo, com mais de 35 milhões de exemplares vendidos e traduzidos para mais de 70 idiomas. No entanto, o reconhecimento da obra não veio de forma imediata.

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Na primavera de 1942, Otto Frank, pai de Anne, começou a preparar o esconderijo onde ele e sua família passariam dois anos. Em 1944, o esconderijo foi descoberto por policiais nazistas, e todos foram levados a campos de concentração. Anne, sua mãe e sua irmã foram transferidas para um campo de mulheres em Auschwitz. Já em novembro de 1944, Anne foi enviada para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde, em condições miseráveis, ela e sua irmã Margot morreram de tifo, aos 15 e 19 anos.

Otto foi o único sobrevivente entre os que estavam no esconderijo. De volta à Holanda, começou a ler os escritos de Anne, que haviam sido salvos por dois amigos antes que o esconderijo fosse esvaziado. Após ser convencido por um amigo a publicar os manuscritos, Otto lançou “O Diário de Anne Frank em junho de 1947, com apenas 3 mil exemplares. Assim, deu início à preservação do legado de Anne Frank para o mundo.

No livro “Quero continuar vivendo depois da morte”, de Thomas Sparr, publicado pela editora Record, é contada a jornada até que O Diário de Anne Frank chegasse à sua versão definitiva. Entre 1950 e 1952, o manuscrito foi traduzido para o alemão, francês e inglês. Em 1952, foi publicado nos Estados Unidos.

Entretanto, sua ascensão só aconteceu oito anos após o lançamento, quando a dupla de roteiristas Frances Goodrich e Albert Hackett adaptou O Diário de Anne Frank para uma peça teatral, apresentada em 1955 no Cort Theatre, na Broadway. A história se tornou um sucesso e a adaptação ganhou diversos prêmios, incluindo o Tony Award de Melhor Peça.

O sucesso fez com que milhões de pessoas conhecessem a história de Anne. Suas palavras tornaram-se símbolo de resistência e deram voz àqueles que não tiveram a chance de contar suas histórias. Sua antiga casa foi transformada em museu, chamada Casa de Anne Frank, fundada em 1960, em Amsterdã. O museu preserva o esconderijo e apresenta exposições sobre a vida de Anne e o Holocausto, promovendo o combate ao racismo e à discriminação.

Mesmo após quase 80 anos desde sua publicação, a obra ainda enfrenta tentativas de censura, como em algumas localidades dos Estados Unidos, onde o livro foi incluído em listas de obras proibidas por abordar, entre outros temas, a sexualidade de Anne de forma aberta.

“Tudo isso fará com que o livro seja lido ainda mais. Quanto mais tentam calar Anne, mais ela fala. Tenho certeza de que o livro de Anne será lido enquanto a humanidade souber ler e ver que os livros podem viver pela eternidade”, afirma Thomas Sparr em entrevista ao jornal O Globo.

A história de Anne Frank já foi adaptada para o cinema, teatro, rádio, documentários e quadrinhos, ganhando diversos prêmios, e sempre será lembrada pela sociedade como o retrato da força de uma adolescente que soube expressar seus sentimentos, medos e momentos de alegria em meio à escuridão. Seu diário permanece como um símbolo eterno de resistência.

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