Impressão digital de 43 mil anos é revelada por arqueólogos em rocha na Espanha

Pesquisadores espanhóis anunciaram a descoberta de uma impressão digital humana datada de aproximadamente 43 mil anos, encontrada em uma pedra no Abrigo de San Lázaro, na região de Segóvia, Espanha. Este achado é considerado uma das mais antigas impressões digitais humanas já registradas e sugere que os neandertais possuíam capacidades simbólicas e artísticas mais complexas do que se imaginava.

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A pedra, um seixo de granito com cerca de 21 centímetros, apresenta três cavidades naturais que lembram olhos e boca, e um ponto vermelho no centro, possivelmente representando um nariz. Análises multiespectrais revelaram que o ponto vermelho é uma impressão digital humana, atribuída a um neandertal adulto do sexo masculino. O pigmento utilizado é o ocre, um pigmento natural de argila, que não ocorre naturalmente no abrigo, indicando que foi transportado para o local de propósito.

María de Andrés-Herrero, professora de pré-história na Universidade Complutense de Madri e coautora do estudo, afirmou:

“Quando vimos (o seixo) pela primeira vez… nós, toda a equipe e os alunos, estávamos olhando para a pedra e pensamos: ‘Ah, parece um rosto’.”

Ela acrescentou que a equipe datou a impressão digital por carbono e afirma certeza na data do artefato. Segundo Herrero, a rocha havia sido encontrada perto do leito de um rio e levada deliberadamente para o abrigo rochoso.

Impressão digital preservada com pigmento mineral vermelho mostra sulcos nítidos da ponta do dedo, indicando aplicação deliberada por parte do autor pré-histórico - Foto: Reprodução
Impressão digital preservada com pigmento mineral vermelho mostra sulcos nítidos da ponta do dedo, indicando aplicação deliberada por parte do autor pré-histórico – Foto: Reprodução

A descoberta foi confirmada com a ajuda de especialistas em investigações de cenas de crime da polícia forense de Madri, que utilizaram técnicas avançadas de captura de imagens para identificar a impressão digital. Paul Pettitt, professor de arqueologia paleolítica na Universidade de Durham, no Reino Unido, comentou:

“A verificação da impressão digital por especialistas forenses mostra, sem sombra de dúvida, que ela derivou do contato direto com uma impressão digital humana.”

O estudo sugere que a pedra pode representar uma das mais antigas abstrações de um rosto humano conhecidas, indicando que os neandertais tinham a capacidade de simbolizar e projetar pensamentos em objetos. Os pesquisadores destacam que a escolha da pedra por sua aparência e a marca deixada com o pigmento mostram uma mente capaz de imaginar e idealizar.

Esta descoberta desafia a visão tradicional de que apenas o Homo sapiens produzia arte simbólica e amplia a compreensão sobre as capacidades cognitivas dos neandertais. A pesquisa foi publicada na revista Archaeological and Anthropological Sciences em 24 de maio.

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