Sobre encontros e desencontros do tempo

Hoje nosso papo vai começar diferente. Como jornalista, eu faço as perguntas para as minhas fontes, mas para você, leitor, eu só trago respostas. Porém, hoje vou te fazer uma pergunta e te dar uma reticência de tempo para pensar, como se você fosse meu entrevistado ou entrevistada.

Então, imagine que você está sentado ou sentada, confortavelmente, em uma cadeira ou poltrona (aqui te convido para imaginar a sua mais confortável e cheia de memórias que vem na sua cabeça automaticamente) e eu estou sentada de frente para você. Meu gravador pronto, eu aperto o gravar e aí vai.

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Pense num GRANDE ENCONTRO, desses que te fazem fechar os olhos e sentir aquele ar fresco passando pela pele e indo direto para o seu coração, mas quando chega ao seu destino, ele aquece, que te arrepia e você passa o dedo no antebraço para provar que até arrepiou…

Agora, pense em um DESENCONTRO, daqueles que você estava parado na faixa de pedestre, esperando o seu sinal verde para atravessar e quando você colocou o pé na faixa e iniciou a sua travessia, a pessoa que você estava invocando com seus pensamentos desceu do ônibus, seguiu pela calçada, para o lado oposto, e se tivesse feito isso dois segundos antes, teria te encontrado de surpresa…

Vou te dar mais três pontinhos de pensamento, só para te permitir sentir esse gostosinho que você está sentindo agora…

Aí, você, que é uma pessoa perspicaz, me diz: Claudia, como eu vou saber que houve o desencontro se eu não vi a pessoa? E é exatamente isso, os encontros nós vemos, registramos, vivemos, mas os desencontros não, mas não é porque você não viu que ele não existiu.

Nesse momento é que podemos parar e pensar que não estamos no comando de nada ou quase nada, mas temos a ilusão que sim. Nós temos certo poder de decidirmos qual curso quereremos fazer, quando decidimos nos levantar e comer, que horas vamos sair de casa e, no geral, tudo corre bem. Mas quantas foram as vezes que não deu certo e você nem soube que não deu? Quantas foram as situações que você sofreu tanto para resolver, esvaiu as suas forças, mas pareceu que não teve resultado nenhum?

Aí, meu adolescente favorito te perguntaria: SERÁ?

Será que de fato não houve resultado nas suas investidas ou você só não o viu imediatamente? Será que, de fato, você fez o movimento que diz que fez ou foi só discurso? Será que o universo está conspirando em seu favor ou está de birra com o alecrim dourado que habita em você?

Existem perguntas que nunca terão respostas. E existem respostas que chegam sem nem você saber que tinha essa pergunta guardada.

O fato é que nossa vã filosofia não compreende a grandeza do tempo, a grandeza dos encontros, que podemos ver, quiçá a grandeza do que não vemos. E aqui eu te convido a pensar melhor sobre as ansiedades que vivemos diariamente.

Ficamos sempre na expectativa do que não aconteceu, porque queremos que aconteça como nos filmes, naquela narrativa, com começo, meio e fim em uma cena de plano sequência de 3 minutos, mas a vida não é assim. Queremos a solução mágica para um problema e que ela tenha duração de 15 segundos, mas não é assim… A vida real não acontece na velocidade da vida da televisão ou da internet, acontece no ritmo do universo, no ritmo da física, no compasso do tempo.

E como é difícil essa dualidade entre o tempo real e o tempo criado pela humanidade. Humanidade essa que desafio o tempo com o ouvir mensagens em 2x, assistir um zilhão de vídeos por horas e no fim não aproveitar nada, uma humanidade que tem pressa para tudo, menos para ser humano, porque ser humano é deixar o tempo do tempo acontecer.

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Esperar a pele machucada cicatrizar, a semente semeada brotar e o coração partido se curar. Entender que todas as coisas estão nos seus devidos lugares, nem antes e nem depois, nós é que queremos burlar todo o natural com o artificial.

Resultado: muita ansiedade, muita depressão e um vazio existencial que anula a FELICIDADE que deveríamos encontrar nas pequenas coisas, todos os dias, para dar uma lufada de ar fresco na alma.

Que tenhamos mais tempo para sermos humanos e sabedoria suficiente para percebermos esse tempo no tempo que ele deve ter.

Ótima semana para você. Beijo da Linda.

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