Em certo tempo da minha vida, eu já era adulta e minha irmã mais nova — 10 anos mais nova — ainda estava no esquema escola, cinema, clube, televisão… no caso dela, esquema teatro (risos). Ela estudava de manhã, ainda no ensino médio, fazia teatro à tarde e ainda tinha tempo de virar a noite dançando axé, que ela ama, ou outro ritmo da época. Mas ela estava vivendo no ritmo das músicas agitadas…
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E eu? Ah, eu já estava formada na faculdade e trabalhando o dia todo — e muitas vezes à noite — no jornalismo esportivo, cobrindo futebol em vários campos por aí.
Eu achava tão legal ela poder sair, dançar, curtir o final da adolescência ainda naquele pique, e pensava: agora que minha vida virou de verdade, vida de gente grande, não dá mais para brincar assim. Achava que o ritmo daquele frenesi adolescente, sem muito compromisso, tinha muito o que aprender quando chegasse na vida adulta. Mas aí é que eu fui pega. A adolescência da minha irmã, aquela dedicação ao teatro e às artes, me mostrou que eu é que tinha muito o que aprender. E ela me ensinou!
O que eu não sabia, na minha plena ignorância de gente grande, como disse antes — e sem nenhum trocadilho —, é que tive, dessa adolescente, uma das melhores lições da minha vida, que me acompanha desde então. Ela disse:
— Claudia, as pessoas não sabem trocar afetos. As pessoas não sabem se abraçar. Abraçar tem que ser com os dois braços, encaixados em formato de X, com os dois braços da outra pessoa, de modo que um coração possa chegar bem perto do outro, o mais perto possível. Só assim você vai sentir de verdade o coração de quem te abraça bater junto com o seu — e isso é se encontrar.
E, com essa certeza, parti para o meu TEMPO DE ABRAÇAR.
Quanto tempo isso vai durar? A vida toda… E olha que já estou contabilizando bem uns quase trinta anos dessa conversa. E sigo abraçando.
Adoro, mas adoro mesmo, abraçar, ser abraçada, distribuir abraços. E acho o máximo quando alguém abraça como eu: abraço cheio de coração, de carinho, de vontade… Não conheço coisa na vida mais gostosa que um abraço bem dado.
Esqueça aqueles abraços folgadões, ou aqueles minúsculos com bracinhos de dinossauro que você costumava dar por aí… Da próxima vez que for abraçar alguém, pense que sentiu saudade, que teve vontade, ou simplesmente que o outro pode estar precisando do seu calor, da sua energia positiva, do seu carinho, de um coração chegando bem pertinho do outro.
ABRACE COM VONTADE!!!
Lembre-se de que somente pessoas, encontros e trocas podem ter o poder de transformar dores em felicidade.
Abrace muito, é de graça e traz um BEM-ESTAR danado.
Beijo (ou um GRANDE ABRAÇO) da Linda, até a próxima.