Meu Primeiro Amor

No final da minha coluna da semana passada eu deixei uma dica sobre o que viria hoje, então, prepara-se, porque você vai viajar no tempo.

Estou de férias e esses dias com poucos compromissos me coloca em situações de ter que encarar uma faxina mental, mas, assim como nas faxinas de casa, encontramos coisas tão diversas, aleatórias, que merecem descarte urgente, mas também encontramos memórias lindas, que merecem ser polidas e enquadradas, para ficarem penduradas em destaque nas nossas paredes da memória.
E eu, lindamente, encontrei uma dessas memórias.

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Antes de seguirmos, eu tenho que destacar que assisti uma série na sequência do resgate da minha memória e eu fiquei de fato mexida… De um jeito bem positivo e cheio de afeto. A série? Ahhh, isso não importa agora, talvez eu te conte depois de te contar sobre essa minha história.

Esse quadro começou a ser desenhado lá em 1988, quando eu ainda não tinha completado 14 anos. Parecia um daqueles causos que você imagina, cria, tenta colocar em algum lugar, mas não se encaixa em lugar nenhum, mas foi o oposto. Ele se transformou em uma das coisas mais lindas que o ser humano pode viver: O PRIMEIRO AMOR.

Eu não era lá a menina mais linda ou popular da escola, ele também não. Eu era alegre, cheia de vida, briguenta, popular, mas não como as patricinhas da época, eu era popular talvez pela personalidade muito marcante, talvez pelas minhas indignações me colocarem à frente dos protestos ou por ser a mais alta de todas as meninas e da maioria dos meninos também. Eu não sabia me arrumar direito, não sabia cuidar bem do meu cabelo cacheado, mas lá estava eu, seguindo, com uma cabeleira enorme e pernas gigantes bem desenhadas de uma jovem atleta, usando minissaia e caminhando rápido, porque eu sempre tive sede de viver. Ele era o meu oposto, ranzinza, cheio de marra, calado.

Não sei quando foi, mas em uma das aulas de matemática da sexta série, nos idos de 1987, eu pensei em desistir. Eu estava indo muito mal, não sabia o que fazer para passar de ano, não entendia a p**** daquelas fórmulas, mas nesse dia, com um charme moreno, perfumado, cheio de energia, ele veio até mim, sentou com a cadeira no meio das pernas, como um cowboy (do asfalto), olhou bem nos meus olhos e me disse que eu não podia desistir de nada, que eu era muito especial…

E eu não sei o porquê uma garota de 13 anos achou aquela conversa tão profunda. E fui flechada. Talvez ali tenha nascido meu amor por ele, mas ele nem sabia. Nem eu sabia.

Mas você pensa que o amor é fácil??? Que a flecha bate e tudo certo??? Que nada, foram meses até eu ter coragem de contar que eu de fato gostava dele.

Mas não meses de paquera, foram meses que nós viramos dois briguentos. Nós brigávamos muito, ao ponto de quase nos estapearmos. Ele me xingava. Eu revidava. Ele me desaforava e eu o desafiava… E pasmem, realmente o amor e o ódio caminham juntos.

Massssss…. O amor prevaleceu, nós nos entregamos a esse sentimento mágico e namoramos por cinco anos e meio. Foi um tempo de extrema cumplicidade, muitas aventuras, muitas coisas boas e ruins que compartilhamos, mas seguimos juntos, até a chegada do fim. Onde estava um, estava o outro, sempre grudados, criando memórias que o tempo jamais apagará.

Memórias cheias de construção, cheias de esperança, de sonhos juvenis. Um amor que não tinha traumas antigos, dores do passado, medos guardados de relações anteriores frustradas. Era somente uma grande tela em branco sendo desenhada com uma grande vontade de construir algo novo. E assim foi!

E aqui você deve estar pensando: ué, mas se era tão mágico por que acabou? E, com toda a certeza que os poetas desenham as suas linhas, que todo compositor criar suas letras, eu te falo: nem tudo que é maravilhoso deve durar para sempre, assim como nem toda dor dura também.

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A vida é feita disso, de coisas que começam e terminam. Meu pai diria que não há mal que sempre dure ou bem que nunca se acabe, e eu entendo isso perfeitamente. Se tivéssemos seguido juntos, forçando o encaixe em peças que não se encaixavam teríamos manchado essa história linda que vivemos, teríamos nos machucado e o sangue e as cascas das feridas teriam transformado nossa história de amor em um filme de terror.

Então, tão bom quanto começar algo memorável é saber a hora de parar. E nós soubemos.

Ah, a série que comentei lá em cima é Vinte e Cinco, Vinte e Um. Nota: eu chorei no final e isso é difícil para caramba.

E com um sorriso maroto de canto de boca, eu desejo que o seu domingo seja uma nova oportunidade para criar lembranças, e elas não precisam ser gigantes para merecerem um lugar de destaque nas paredes da sua memória.

E se isso não é felicidade, eu não sei o que é. Beijo da Linda para vocês, até a próxima.

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