Aos pais e filhos

Quantas foram as vezes que você falou assim: quando eu tiver um filho, vou fazer tudo diferente! Com certeza falou muitas vezes, esbravejou quando o seu desejo infantil, e principalmente o adolescente, queria extravasar por seus poros e fazer tudo o que tinha vontade, mas ele estava lá para modelar o seu ímpeto e te dizer que aquilo não ia te dar futuro, que ia te prejudicar.

Essa figura certamente te remete à figura do pai, mas diferentemente de como dizemos das mães – mãe é tudo igual, só muda de endereço-, não é comum falarmos assim dos pais, porque de fato, eles são ímpares.
Por que será? Não sei dizer, mas vamos elucubrar…

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Talvez porque os pais sejam menos emocionados que as mães, menos desesperados, só viram pais de verdade depois de ver a cara do rebento, não carregam no ventre, então não desenvolvem o espírito de preservação que as mães desenvolvem.

Mas antes que você fique bravo, pai que me lê, tenho aqui que destacar que graças aos pais, nós, os filhos e filhas, costumamos ser mais ousados, mais fortes e resilientes.

É o pai que nos incentiva a correr antes de andar, a cair e levantar desde a infância até o último suspiro, é esse bigodudo (tenha bigode ou não, pai sempre será bigodudo) que nos coloca no ombro, mostra animais no zoológico, leva na moto ou no volante no banco do motorista, com a cara colada no volante, para mostrar que um dia você estará à frente da direção da sua vida, que prende o cabelo das filhas como se fossem árvores num dia de vento ou coloca a roupa de trás para a frente e jura que está lindo.

É esse pai que vai na porta da faculdade esperar com os olhos ansiosos a filha saindo pelo portão dizendo que foi aprovada no vestibular e ele dá um soco no ar, comemorando porque a vitória da filha é dele também.

Esse senhor de voz forte, que conta histórias da vida, todo abrutalhado, que pode matar ou morrer pelos seus filhos e filhas, e que viram netos, bisnetos e segue…
Então, aceitando o que a vida lhe impõe, com uma força tão grande que talvez ninguém entenda, ele abre os portões e vibra com seus filhos saindo para conquistarem os seus próprios caminhos.

Mas ele continua lá, olhando, observando cada passo, dando viagens incertas ao encontro das crias para saber se está tudo bem, se estão andando com gente certa e encontra o seu fruto fazendo jus ao que ele ensinou.

Aí você pode tentar refutar as minhas palavras me dizendo que nem todos os pais são assim, e eu vou te dizer que sim, nem todos são assim, mas existem figuras que fazem esse papel em nossas vidas, são eles avôs, tios, padrinhos, treinadores, psicólogos, irmãos mais velhos e até mães, avós e tias…

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Essas, logicamente, jamais serão ou terão a força masculinas, mas se reinventam a cada dia, para que na ausência deles, se coloquem como escudo para que suas crias cresçam sadias, cheias de amor, e não ódio, e que sejam melhores que aqueles que aqui os colocaram.

Sem mais.

Feliz Dia dos Pais.

Ótimo domingo, beijo da Linda para vocês.

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4 Comentários

  • Que texto maravilhoso!
    Expressa exatamente o ser pai.
    A parte que me tocou é me fez chorar é essa:
    “É esse pai que vai na porta da faculdade esperar com os olhos ansiosos a filha saindo pelo portão dizendo que foi aprovada no vestibular e ele dá um soco no ar, comemorando porque a vitória da filha é dele também.”
    Parabéns pra esse pai e todos que estão lendo esse texto.
    Parabéns Claudia pela filha que você é!!!♡

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