No último sábado (21), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou o bombardeio de instalações nucleares iranianas pelas forças militares americanas. Tal operação ocorreu de forma unilateral sem a consulta do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Os ataques foram realizados contra três instalações nucleares iranianas, afirmando que o objetivo seria destruir a capacidade de enriquecimento nuclear do Irã e deter a suposta ameaça nuclear.
LEIA TAMBÉM: Zelensky acusa Rússia de enviar corpos de soldados russos no lugar de ucranianos
Bombardeiros B-2, invisíveis aos radares inimigos, voaram sem serem detectados, e utilizaram um grupo de bombardeiros como isca enquanto outro grupo atacava instalações nucleares alvos.
Deste modo, a guerra entra em uma nova fase, com riscos de uma escalada ainda maior.

Bombardeiro B-2 dos EUA – Foto: Sgt Bennie J. Davis III
Muitos líderes mundiais contestaram o ataque inconsequente norte-americano:
O Secretário Geral da ONU António Guterres, se pronunciou sobre o caso:
“Estou profundamente alarmado com o uso da força pelos Estados Unidos contra o Irã hoje. Esta é uma escalada perigosa em uma região já em crise — e uma ameaça direta à paz e à segurança internacionais. Há um risco crescente de que este conflito possa rapidamente sair do controle — com consequências catastróficas para os civis, a região e o mundo. Apelo aos Estados-Membros para que reduzam a tensão e cumpram suas obrigações sob a Carta da ONU e outras normas do direito internacional. Neste momento perigoso, é fundamental evitar uma espiral de caos. Não há solução militar. O único caminho a seguir é a diplomacia. A única esperança é a paz.”
Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, condenou o ato como sendo “irresponsável”, dizendo ainda que este ataque “aumentou o número de participantes no conflito” e “inaugurou uma nova espiral de escalada“.
O governo chinês também repudiou a entrada dos EUA na guerra: “A China apela às partes em conflito, em particular a Israel, para que cheguem a um cessar-fogo o mais breve possível, garantam a segurança dos civis e iniciem o diálogo e a negociação”.
LEIA TAMBÉM: Israel bombardeia depósitos de mísseis no Irã em ataque de longo alcance
Posição do Brasil
O presidente Luís Ignácio também condenou veementemente o ataque dos Estados Unidos contra a soberania nacional iraniana. Já o embaixador Celso Amorim, assessor internacional da Presidência, diz estar preocupado com uma Terceira Guerra Mundial:
“É um erro, é triste, é um abandono dos fóruns multilaterais. Até mesmo os Estados Unidos no Iraque, ele primeiro levou o Conselho de Segurança, aí, como não conseguiu, agiu unilateralmente. Mas agora não, nem sequer houve a tentativa de obter a autorização do Conselho de Segurança para essas ações“.
“Acabou a ordem mundial. Isso acabou a ordem mundial. Acabou na área do comércio, acabou na área da paz e segurança e a gente tem que se adaptar a essa realidade. Não será fácil … O Conselho de Segurança é inócuo“, completou o embaixador brasileiro.
O que disse J.D. Vence
Enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump fala em “mudança de regime”, o seu vice presidente J. D. Vence procurou justificar os ataques de outra forma:
“Não quero entrar em detalhes sensíveis de inteligência, mas sabemos que, na noite passada, atrasamos significativamente o programa nuclear do Irã, seja por anos ou até mais
“Sabemos que atrasamos substancialmente o programa nuclear iraniano ontem à noite. Sejam anos ou mais, sabemos que levará muito tempo até que o Irã consiga construir uma arma nuclear, se quiser. Mas, na verdade, acho que isso levanta a questão mais importante, sobre a qual o presidente falou ontem à noite. Queremos que o Irã desista de seu programa de armas nucleares pacificamente, mas não há como os Estados Unidos permitirem que o Irã tenha uma arma nuclear“.
Vence ainda tentou enfatizar que o motivo real da invasão não é contra o país, e sim contra o seu programa nuclear:
“Não estamos em guerra com o Irã, estamos em guerra contra o programa nuclear iraniano… Guerra é contra a capacidade nuclear do Irã e não contra o governo iraniano”
Contudo, podemos observar uma certa contradição nos fatos, talvez um pouco parecida com o falso dossiê que desencadeou a guerra do Iraque em 2003, referindo-se à existência de armas de destruição em massa e laços com o terrorismo, que se mostraram falsas após a invasão.
História que se repete?