Em cerimônia realizada em Moscou, no Kremlin, e transmitida pela TV estatal russa nesta quarta-feira (7), os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Nicolás Maduro, da Venezuela, assinaram um acordo de parceria estratégica que intensifica as relações entre os dois países em um elevado nível diplomático. O acordo assinado contempla áreas como energia, defesa, tecnologia, economia e política externa, além de oficializar o apoio russo à entrada da Venezuela no Brics.
A reunião marca mais um passo no alinhamento entre Moscou e Caracas, países que sempre tiveram uma boa diplomacia, em meio ao isolamento diplomático enfrentado pela Rússia desde a invasão da Ucrânia em 2022, sofrendo embargos e retaliações por diversos países ao redor do mundo, principalmente dos Estados Unidos, da Inglaterra e da Europa.
Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, o documento assinado pelos presidentes dos dois países é “poderoso, substancial e muito importante”, embora os detalhes não tenham sido integralmente divulgados.
O texto firmado entre os líderes também prevê a criação de uma infraestrutura financeira independente que permita transações fora do sistema financeiro dominado por países ocidentais, destacando a ampliação do uso do sistema de pagamentos russo MIR na Venezuela, como parte de um esforço conjunto para reduzir a dependência do dólar. Ele afirmou que os Bancos Centrais dos dois países mantêm diálogo contínuo sobre a criação de uma nova arquitetura monetária.
O comércio bilateral, que cresceu 64% em 2024, atingindo US$ 200 milhões, deverá ser fortalecido com investimentos em petróleo, gás e mineração. A tecnologia russa será aplicada na extração de petróleo venezuelano, especialmente após a saída da Chevron do país sul-americano. O acordo também menciona a abertura de novas rotas aéreas e o fortalecimento da cooperação na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+).
LEIA TAMBÉM: Suprema Corte dos EUA autoriza proibição de militares transgêneros
No âmbito geopolítico, o documento expressa apoio formal à adesão da Venezuela ao Brics, grupo que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A entrada venezuelana no bloco causou atrito diplomático com o Brasil no ano passado, quando o governo Lula vetou a inclusão do país no grupo, contrariando a expectativa russa.
A visita de Maduro também ocorre às vésperas do desfile militar de 9 de maio, que celebra os 80 anos da vitória soviética sobre o nazismo. O líder venezuelano participará das comemorações ao lado de outros chefes de Estado aliados da Rússia.