Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, tornou-se o centro de uma crise silenciosa para o governo Lula. O estado que elegeu todos os presidentes desde a redemocratização hoje apresenta um cenário fragmentado para o PT, sem um candidato competitivo ao governo estadual e com a sombra da popularidade do oposicionista Romeu Zema. A situação acendeu um alerta entre aliados do Planalto, que veem na disputa mineira um termômetro decisivo para 2026.
O Vácuo que Assusta o Palácio do Planalto
A estratégia petista em Minas esbarra em um problema concreto: a falta de um nome forte para liderar o palanque estadual. O senador Rodrigo Pacheco (PSD), visto como a principal carta na manga, resiste aos apelos para desafiar Zema. Sem ele, o PT se vê diante de um quebra-cabeça complexo como construir uma base sólida em um estado com 21 milhões de eleitores sem um âncora local?
Os números explicam a preocupação petista. Pesquisas internas do governo mostram que Romeu Zema (Novo) mantém 62% de aprovação um patamar que parece intocável no atual cenário. O governador construiu uma imagem de gestor técnico e renovador, capitalizando tanto o desgaste petista quanto as falhas da oposição tradicional.
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A Estratégia de Cerco: Das Prefeituras ao Palácio
Enquanto o palanque estadual não se define, o governo federal tenta construir pontes locais. A recente liberação de R$ 770 milhões para obras em Belo Horizonte, anunciada ao lado do prefeito Álvaro Damião (União Brasil) ,revela a tática: conquistar apoio onde o palanque falta. Simultaneamente, Lula fortalece alianças com prefeitas petistas como Marília Campos (Contagem) e Margarida Salomão (Juiz de Fora), numa tentativa de criar uma rede de resistência municipal.
A indecisão de Pacheco paralisa outras peças no tabuleiro. O ministro Alexandre Silveira (PSD) aguarda a definição para lançar sua candidatura ao Senado. Enquanto isso, setores do PT defendem uma solução ousada: lançar Marília Campos ao governo, mesmo contra a preferência da própria interessada.
O Legado que Pesa: Da Vitória Apertada à Crise Atual
O cenário atual contrasta com a vitória por 50 mil votos de Lula em Minas em 2022 – um triunfo tão épico quanto frágil. Analistas apontam que a margem mínima já sinalizava a erosão da base petista no estado. Agora, com Zema fortalecido e sem um projeto estadual claro, o PT enfrenta seu maior desafio: como reacender uma chama que parece ter se apagado no coração político do Brasil?
Duas saídas emergem no horizonte petista. A primeira é convencer Pacheco a entrar na disputa, apostando em seu capital político para enfrentar Zema. A segunda, mais realista, é aceitar a derrota no governo estadual e concentrar esforços na eleição nacional uma estratégia de contenção de danos que, porém, enfraqueceria Lula no estado.









