A Polícia Federal (PF) enviou um novo relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF) que complica ainda mais a situação do ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto. Ele está preso desde dezembro de 2024 e já era acusado de envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022. Agora, este novo documento, que foi obtido através do celular de um coronel da reserva, reforça as acusações de que Braga Netto teve um papel fundamental em espalhar mentiras e tentar minar a confiança nas eleições.
O que foi encontrado no telefone?
A PF encontrou um grupo de conversas chamado “Eleicoes 2022@” no WhatsApp, que tinha Braga Netto, o coronel Flávio Botelho Peregrino e mais quatro pessoas. As mensagens indicam que eles planejaram e executaram diversas ações para ferir o estado democrático de direito.
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Neste grupo, foi criado um documento falso sobre supostas fraudes nas urnas. O objetivo era influenciar o trabalho das Forças Armadas na auditoria das eleições de 2022, afim de angariar apoio dos militares, além de, claro, gerar desconfiança nos resultados.
A investigação apontou que o grupo produziu “estudos falsos” usando dados do TSE para criar e espalhar fake news sobre fraudes nas eleições. Esse material era compartilhado com influenciadores bolsonaristas, visando atingir o maior número de apoiadores possível.
O papel de Braga Netto
A PF concluiu que Braga Netto foi uma “figura central” em toda essa estratégia para desacreditar o sistema eleitoral. Para os investigadores, a atuação dele foi fundamental para incentivar bolsonaristas a acamparem em frente a quartéis, criando um ambiente propício para um possível golpe.
A prisão de Braga Netto já estava ligada à tentativa de conseguir informações sobre a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. As novas provas do celular do Coronel Peregrino reforçam essa acusação.
Provas crucias para a investigação
Encontrado no celular de Peregrino, o relatório apontou que a intenção de golpe já existia há muito tempo, desde os eventos de 7 de setembro de 2021, quando Bolsonaro atacou verbalmente o STF.
Também foi peça-chave o vazamento de uma conversa entre Braga Netto e Mauro Cid, após a “carta à nação” de Bolsonaro — documento que acalmar a situação depois do 7 de setembro —, indica que eles sabiam da gravidade dos planos. Na ocasião, Braga Netto chegou a falar em uma possível “ruptura institucional”.
Acusação
Braga Netto é acusado de organização criminosa e tentativa de golpe de Estado. O ex-ministro negou as acusações em seu depoimento. Um encontro direto entre Braga Netto e Mauro Cid está marcado para terça-feira que vem, 24 de junho, no STF, para que os réus possam explicar suas versões sobre os fatos.