A Petrobras deu início à retomada das obras na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e no antigo Comperj — hoje chamado GasLub Itaboraí — dois projetos estratégicos que estavam paralisados desde as investigações da Operação Lava Jato. Com novos contratos firmados e investimentos previstos de R$ 4,9 bilhões, a estatal avança em seu plano de expansão da capacidade de refino no país.
Segundo informações da Folha de S.Paulo, na Refinaria Abreu e Lima a Petrobras concluiu a licitação de três lotes de obras, vencidos pela Consag, empresa do grupo Andrade Gutierrez. A nova fase prevê a construção da segunda unidade de refino, que dobrará a capacidade atual de produção de 130 mil para 260 mil barris por dia.
A primeira tentativa de contratação havia sido suspensa devido aos altos valores apresentados. Nesta nova rodada, a estatal optou por tornar os orçamentos públicos e fechar contrato com a proposta que oferecesse maior desconto.
O Tribunal de Contas da União (TCU) considera a refinaria um exemplo de como um projeto promissor pode se transformar em um fracasso bilionário. Já foram gastos aproximadamente US$18 bilhões (cerca de R$100 bilhões, conforme a cotação atual). O TCU acompanha de perto o andamento das obras após identificar falhas de planejamento e execução que comprometeram prazos e custos. Mesmo assim, a Petrobras acredita na viabilidade do projeto, com projeção de retorno positivo.
Em janeiro de 2024, o presidente Lula anunciou a retomada das obras e defendeu a robustez do projeto. Um dia antes, a própria estatal declarou que a continuidade era a melhor decisão diante do avanço já realizado. A estimativa é de que cerca de 10 mil empregos diretos sejam gerados na fase de construção.
Ainda durante a gestão de Jean Paul Prates, em novembro de 2023, a Petrobras aprovou a retomada dos projetos. Em maio de 2024, novas licitações foram abertas, e a expectativa é de que as operações sejam iniciadas em 2028.
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Como a Petrobras foi envolvida na Operação Lava Jato: entenda o caso
A Operação Lava Jato foi uma das maiores investigações contra a corrupção da história do Brasil, com início em março de 2014. Conduzida pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF), a operação teve como objetivo desmantelar um esquema bilionário de desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras e dezenas de políticos de diferentes partidos.
O caso começou com a prisão de Alberto Youssef, um doleiro já conhecido das autoridades, que atuava como operador financeiro em transações ilegais. A partir de sua detenção e das delações premiadas de envolvidos, a investigação se expandiu rapidamente, revelando uma rede sofisticada de propinas e contratos superfaturados em obras públicas. O nome “Lava Jato” faz referência a um posto de combustíveis e lava a jato de veículos em Brasília, usado para lavar dinheiro de origem ilícita.
A força-tarefa da Lava Jato cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, prisão temporária, prisão preventiva e condução coercitiva ao longo de suas fases. Foram descobertas fraudes em contratos bilionários da Petrobras, onde empreiteiras pagavam propinas a diretores da estatal e a políticos em troca de favorecimentos em licitações e superfaturamento de obras.
Entre as empresas envolvidas no esquema estavam algumas das maiores empreiteiras do país, como Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS e UTC Engenharia. Executivos dessas companhias foram presos e firmaram acordos de colaboração premiada, revelando detalhes sobre o funcionamento do cartel de empreiteiras e a divisão de contratos públicos com o aval de agentes políticos.
A operação também levou à condenação de figuras influentes da política brasileira, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (posteriormente absolvido em decisões do Supremo Tribunal Federal), além de senadores, deputados, ex-governadores e ex-ministros. O impacto da Lava Jato atingiu diversos partidos, incluindo PT, PMDB (atual MDB), PP, PSDB, entre outros.
No total, estima-se que o esquema de corrupção investigado pela Lava Jato tenha movimentado mais de R$42 bilhões. Os recursos recuperados pela Justiça ultrapassaram os R$6 bilhões, com acordos de leniência e devoluções voluntárias feitas por empresas e pessoas físicas.
A Lava Jato teve desdobramentos em outros países da América Latina e da África, onde a Odebrecht e outras empresas também operavam de forma irregular. A operação influenciou a criação de novas leis anticorrupção e alterou significativamente o cenário político e jurídico brasileiro.