Moraes: relator no caso de Eduardo Bolsonaro. Traidor da pátria?

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi designado relator da investigação contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que é acusado de conspirar nos EUA contra autoridades brasileiras. A decisão de designar Moraes para o caso foi tomada pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso, após a PGR solicitar formalmente a abertura de inquérito, que já foi instaurado sob sigilo.

LEIA TAMBÉM: Supremo Tribunal Federal prepara transição para nova presidência da Corte

A PGR, através do procurador-geral Paulo Gonet, argumenta que Eduardo Bolsonaro teria trabalhado com membros do Partido Republicano e do governo Trump para impor sanções a membros do Judiciário brasileiro, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes. Essas sanções incluiriam o bloqueio de vistos e bens nos EUA, com base na Lei Agnitsky, que pune violações graves dos direitos humanos e corrupção.

Gonet afirma que a ação de Eduardo é uma tentativa de coerção no curso do processo e obstrução de investigações sobre organização criminosa.

Há um tom claramente ameaçador para aqueles que atuam como agentes públicos na investigação e julgamento“, diz o documento da PGR.

Gonet acredita que Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos desde 27 de fevereiro, está tentando interferir nas ações penais que afetam seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e seus aliados.

Jair Bolsonaro foi citado como possível beneficiário do plano e deve prestar depoimento. A PGR argumenta que o ex-presidente declarou publicamente ser o responsável financeiro pela estadia de seu filho nos EUA, o que o torna parte interessada.

A movimentação internacional de Eduardo Bolsonaro chamou a atenção na última semana, quando o deputado Cory Mills questionou, durante audiência no Congresso dos EUA, supostas perseguições políticas no Brasil. O secretário de Estado, Marco Rubio, admitiu que há possibilidade de sanções contra o ministro Moraes.

Eduardo respondeu às investigações com ataques nas redes sociais.

Em um vídeo, ele alegou estar sendo perseguido por denunciar “violações dos direitos humanos” no Brasil e criticou Moraes por tentar atuar fora do país. Ele descreveu a situação como uma “guerra pessoal” do ministro e afirmou que qualquer pessoa próxima a Moraes poderá ser punida pelos EUA.

A denúncia contra Eduardo também foi impulsionada por uma representação do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que solicitou à Câmara dos Deputados uma investigação formal da conduta do parlamentar. A Polícia Federal deve ouvi-lo, assim como diplomatas brasileiros nos EUA que possam ter conhecimento das articulações.

Essa recente ação judicial tem o potencial de complicar consideravelmente a posição legal de Jair Bolsonaro e de seus aliados mais próximos, e também de aumentar a tensão entre os poderes  Legislativo e Judiciário.

Autor

  • Ricardo Lacava

    Ricardo Lacava é veterinário graduado pela UNESP, mestrado pela UFSC e Doutorado pela UNESP/Harper Adams University (Sanduíche/Reino Unido). Graduação em letras pela UFSCAR em andamento. Servidor público federal do Ministério da Agricultura desde 2008. Menção honrosa no Prêmio Literário Cidade de Manaus 2024. Autor do romance “Infecundo Solo”, segundo lugar no Prêmio José de Alencar do Concurso Internacional de Literatura União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, 2017. Vencedor do Prêmio Literário Uirapuru 2019 com o livro “Astúncio, o estúpido esclarecido” e do XIV Prêmio Literário Livraria Asabeça 2015 com a obra “O Canto do Urutau (A Lenda do Mãe-da-lua)”. http://lattes.cnpq.br/3957903174743776

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *