Um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da operação policial no Rio de Janeiro terminou em confusão e bate-boca entre vereadores da Câmara Municipal de São Paulo.
A homenagem foi proposta por uma vereadora da bancada progressista, que afirmou que o gesto era uma demonstração de respeito às vidas perdidas, independentemente de quem fossem. A fala, no entanto, foi interrompida por parlamentares da ala conservadora, que reagiram com críticas e gritos de protesto.
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“Não se trata de defender criminosos, e sim de lamentar a morte de seres humanos”, declarou a vereadora, sob vaias de parte do plenário. O clima ficou tenso e a sessão precisou ser suspensa por alguns minutos.
Vereadores contrários ao ato afirmaram que a proposta seria uma forma de “desrespeitar o trabalho policial”, defendendo que o Legislativo deveria se solidarizar com os agentes que arriscam a vida em operações. Do outro lado, parlamentares da oposição destacaram que o Estado brasileiro não pode normalizar chacinas como instrumento de segurança pública, lembrando que entre as vítimas havia moradores e trabalhadores locais.
O episódio reflete um retrato ampliado da polarização política brasileira, em que até gestos humanitários são interpretados sob o prisma ideológico.
A discussão em São Paulo também dialoga com o movimento nacional de repúdio à violência nas favelas e com a recente decisão do Senado de instalar uma CPI para investigar o crime organizado, numa tentativa de reagir institucionalmente à escalada da criminalidade.
Entre aplausos e vaias, o plenário paulistano reproduziu a disputa de narrativas que ecoa nas ruas e nas redes: quem é o inimigo e quem é a vítima?
Enquanto a política debate, as comunidades continuam vivendo sob o som dos helicópteros e o medo constante das operações que, em nome da segurança, seguem ceifando vidas.









