Na Câmara de São Paulo, em meio a uma audiência pública, realizada na tarde desta quinta-feira (29), para discutir sobre o serviço de moto por aplicativo, o vereador Lucas Pavanato (PL) e o presidente do Sindicato dos Mensageiros e Motociclistas Ciclistas e Moto-Taxistas de São Paulo (Sindimoto-SP), Gilberto Almeida dos Santos, o “Gil”, trocaram empurrões e foram parar na delegacia.
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O debate, que já tinha acontecido anteriormente, foi discutido novamente após a morte de Larissa Barros Maximo Torres, de 22 anos, em um acidente com mototáxi da 99 no sábado (24).
A confusão começou quando Pavanato foi ao microfone e chamou Gil de “pelego” do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). O presidente do Sindimoto, que já estava no plenário, voltou à tribuna e segurou o vereador pelo colarinho. Seguranças da Câmara e do vereador também pegaram Gil pelo colarinho, o que desencadeou um empurra-empurra generalizado.

Em seu perfil no X, Pavanato publicou um vídeo com momentos da confusão. De acordo com as imagens é possível ver que, após a troca de empurrões e xingamentos, o vereador toma novamente o microfone e continua a criticar Gilberto. Motociclistas presentes no local demonstraram apoio às declarações e gritaram o nome do vereador.
Ele ainda detalhou o ocorrido e criticou a postura do sindicalista, a qual classificou como “violenta”.
“Eu disse no microfone que a prefeitura escolheu o pior sindicalista pelego para defender a causa deles, porque a própria classe diz que não se sente representada. Quando ele veio, eu estendi as minhas mãos e falei: ‘o que você vai fazer?’ Daí ele me agrediu. Segurou minha camisa, rasgou. Eu acho que isso prejudica a pauta do prefeito. O debate em relação à regulamentação dos aplicativos na cidade de São Paulo tem que ser feito com seriedade, baseado em dados, e não baseado em violência, que foi o que aconteceu aqui”, declarou a jornalistas no local.
Em nota, o Sindimoto disse que Gil teve “sua honra, moral e idoneidade ofendidas” pelo vereador e desmentiu os boatos de que o sindicalista teria invadido a Câmara. O sindicato afirma que o presidente foi agredido por um segurança de Pavanato e que registraria um boletim de ocorrência.
Antes de toda a confusão, a vereadora Renata Falzoni (PSB), que conduziu os debates, já havia ameaçado retirar os motociclistas presentes do local por interrupções da fala de Gil com vaias.
Além disso, a vereadora Keit Lima (PSOL), que defede a regulamentação do serviço de moto por aplicativo, se referiu ao Ricardo Nunes como “prefeitinho”, ao criticá-lo por ser contra a prestação do serviço. Diante do burburinho causado por suas declarações, ela pediu respeito à sua fala.
Do lado de fora da Câmara, havia manifestações dos motociclistas, que pertenciam a grupos diferentes, como o próprio Sindimoto-SP, a AMABR (Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil) e o movimento JR Freitas SP Motociclistas.
Alguns dos motociclistas presentes na audiência teriam recebido R$ 250 da empresa 99 para participar do debate.
Também nesta quinta (29), as bancadas do PT e do PSOL apresentaram um projeto de lei, que seria o terceiro a tramitar na Câmara, referente à regulamentação do serviço do moto por aplicativo. Segundo a vereadora Luna Zarattini (PT), autora do projeto, essa proposta possui o objetivo de regulamentar tanto esse serviço quanto outros de aplicativos de entrega e transporte por app em geral.
O vereador Nabil Bonduck (PT) disse que a diferença entre esse projeto e os outros dois que tramitam na Câmara é que o do vereador Lucas Pavanato (PL) com Kenji Ito (Podemos) “libera geral”, e o outro, pertencente ao vereador Marcelo Messias (MDB), torna as metas de redução de sinistros tão difícil de seguir que chega a ser inviável.
As novas audiências públicas para continuar o debate sobre o serviço de moto por aplicativo estão marcadas para as próximas quintas-feiras, 5 e 12 de junho.