Lindbergh Farias (PT), líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal solicitou formalmente à Polícia Federal, nesta segunda-feira (2), que os bens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sejam bloqueados, além da quebra dos seus sigilos bancário e fiscal.
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O pedido surge no contexto do inquérito sobre a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL) nos EUA, onde vive com a família, fazendo lobby com os republicanos em busca de sanções contra Alexandre de Moraes, ministro do STF.
O deputado federal Lindbergh Farias solicitou o indiciamento de Eduardo Bolsonaro por sete crimes, dentre eles: obstrução de justiça, organização criminosa, atentado à soberania nacional e coação no curso do processo. O dossiê entregue à Polícia Federal traz 666 registros de ataques ao STF e reuniões de Eduardo com congressistas dos EUA pedindo sanções contra autoridades brasileiras.
De acordo com Lindbergh, a ideia é barrar o avanço do que ele define como um “golpe em andamento” contra a democracia brasileira. Para o deputado federal, a presença de Eduardo nos EUA configura uma tentativa de influência externa na Justiça do Brasil, financiada com doações via Pix arrecadadas por Bolsonaro durante as campanhas.
“Não há na nossa história uma campanha sórdida como essa dos bolsonaristas para que uma potência estrangeira possa sancionar autoridades brasileiras, com objetivo de obstruir a Justiça e o processo no STF contra Bolsonaro por tentativa de golpe”, declarou Lindbergh.
Além do pedido de bloqueio e quebra de sigilo, Lindbergh entregou aos investigadores uma série de documentos, vídeos e postagens em redes sociais que, segundo ele, comprovam a ação coordenada de Eduardo Bolsonaro para pressionar autoridades estrangeiras contra decisões do Supremo. Ele classificou tais ações como um ataque sem precedentes à soberania nacional. Certamente uma altíssima traição à pátria, de alguém que se declara patriota.
“Na história brasileira, nunca houve uma organização política que vestisse a camisa de outro país, contra os interesses nacionais, como esse grupo bolsonarista. Nem o Plínio Salgado, integralista, em 1937. Eles flertavam com o fascismo, mas não faziam isso. Eles (bolsonaristas) defendem primeiro a bandeira americana”, declarou o deputado.
Lindbergh também pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) que solicite ao Coaf o rastreamento das transações financeiras de Jair e Eduardo Bolsonaro, buscando identificar movimentações suspeitas e possíveis intermediários usados para enviar dinheiro ao exterior, assim como, que o passaporte diplomático de Eduardo seja cancelado e que novas remessas de dinheiro do Brasil para os Estados Unidos sejam imediatamente impedidas. Para ele, manter essa forma de financiamento representa um perigo para a justiça penal brasileira.
Em maio deste ano, o próprio ex-presidente confessou ter usado parte dos R$ 17,2 milhões recebidos via Pix de apoiadores em 2023 para custear a estadia do filho nos EUA, onde vive em um bairro de luxo e cheio de regalias. Lindbergh acredita que isso reforça a necessidade de investigar e de tomar medidas para impedir a continuidade da “campanha de intimidação” contra o STF.
A investigação prossegue em andamento, sob a supervisão do ministro Alexandre de Moraes, e pode evoluir com novas averiguações e depoimentos. A expectativa no momento é que a Procuradoria-Geral da República avalie as solicitações e as evidências apresentadas por Lindbergh Farias, a fim de decidir sobre as medidas preventivas cabíveis contra o ex-presidente e seu filho.