A Receita Federal vive um momento delicado. Nas últimas semanas, uma série de pedidos de exoneração por parte de chefes regionais e coordenadores de alto escalão escancarou a insatisfação crescente com o governo federal.
A debandada é vista como um movimento coordenado de protesto diante do que servidores classificam como descaso com a valorização da carreira e a estrutura institucional do órgão.
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Segundo fontes internas, os principais motivos apontados pelos servidores para os pedidos de afastamento são o congelamento salarial, o corte de verbas operacionais e a falta de diálogo com o Ministério da Fazenda.
A categoria, que há meses reivindica a regulamentação do pagamento do bônus de eficiência aprovado em lei desde 2016, mas nunca implementado integralmente , acusa o governo de negligência e descumprimento de acordos firmados.
De acordo com a associação nacional dos auditores fiscais, mais de 30 chefias já entregaram seus cargos apenas neste mês, afetando setores estratégicos como fiscalização, aduanas e arrecadação. A movimentação, apesar de silenciosa, tem impacto direto na engrenagem do sistema tributário, o que pode comprometer prazos e metas de arrecadação, em um momento em que o governo busca ampliar a receita para cumprir o arcabouço fiscal.
Em nota, o Ministério da Fazenda reconheceu o volume de exonerações, mas minimizou os efeitos, afirmando que “a Receita Federal segue operando normalmente” e que “o diálogo com os servidores permanece aberto”. A resposta, no entanto, foi recebida com descrença pela categoria, que já articula paralisações pontuais nas próximas semanas.
Analistas políticos enxergam no movimento um sinal de alerta para o governo.
“A Receita Federal é uma instituição de Estado, fundamental para a manutenção das contas públicas. Ignorar suas demandas pode ser um erro estratégico com consequências econômicas e políticas”, afirma a cientista política Mariana Duarte.
Enquanto isso, a Receita Federal enfrenta não apenas uma crise administrativa, mas também um desgaste institucional que pode afetar sua credibilidade e eficiência. A debandada na chefia acende um sinal vermelho sobre a urgência de reconstruir pontes com os servidores e garantir as condições necessárias para que o órgão continue cumprindo seu papel com excelência.