Nesta quinta-feira (15), a Força de Defesa da Guiana denunciou ataques armados contra suas tropas durante patrulhas fluviais de rotina no rio Cuyuni, na região disputada de Essequibo, fronteira com Venezuela. Em comunicado oficial foi relatado que três episódios diferentes aconteceram nas últimas 24 horas, com homens armados em trajes civis, no lado venezuelano do rio.
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Apesar de nenhum soldado guianense sair ferido nos confrontos, os ataques ligaram um alerta na já tensa relação entre os dois países. O exército da Guiana respondeu de forma “moderada” a cada ataque e prometeu manter a presença militar na região.
“Continuaremos a responder agressões na fronteira, e faremos patrulhas no rio Cuyuni“, disse o comando militar.
A denúncia foi recebida com ceticismo pelo governo venezuelano, que chamou os relatos de “farsa”. O Ministério Público de Nicolás Madura anunciou que vai abrir uma investigação afim de apurar os acontecimentos, mas não revelou detalhes sobre a alegada origem dos disparos, nem sobre a identidade dos civis armados mencionados pela Guiana.
Os ataques sucederam numa área de grande tensão geopolítica, localizado em território guianense. O Essequibo é alvo duma disputa centenária entre os dois países. Com uma área de tem cerca de 160 mil quilômetros quadrados, é rica em petróleo, gás e minerais, o que intensificou ainda mais a disputa desde 2015, quando a americana ExxonMobil revelou a descoberta de campos petrolíferos na região.
No final de 2024, o governo de Nicolás Maduro, presidente venezuelano, promulgou uma lei propondo a anexação do Essequibo à Venezuela. Embora a medida não tenha surtido efeitos práticos, ela elevou o nível de tensão diplomática e militar na fronteira. Em abril deste ano, Maduro voltou a ameaçar a Guiana ao declarar que “mais cedo ou mais tarde” o Essequibo seria venezuelano.
Não é a primeira vez que há incidentes no rio Cuyuni. Em fevereiro deste ano, uma gangue armada, vinda da Venezuela, atacou tropas guianenses, ferindo seis soldados. Agora, com os recentes relatos de agressões, o medo de um conflito mais grave cresce, podendo desestabilizar a região ainda mais.
Enquanto Guiana denuncia agressões e intensifica patrulhas, a Venezuela tenta negar as acusações, continuando a reivindicar a área. A disputa por Essequibo, cada vez mais ligada a interesses econômicos e políticos, permanece sem solução aparente, o que aumenta a instabilidade na fronteira norte da América do Sul.