O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (17) que as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio mostram que há um “vácuo de liderança” global. Além disso, ele defendeu o retorno do protagonismo da Organização das Nações Unidas (ONU) para a resolução de conflitos mundiais.
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“Estão sentados em torno desta mesa três membros permanentes do Conselho de Segurança e outras nações com tradição na defesa da paz. É o momento de devolver o protagonismo à ONU. É preciso que o Secretário-Geral lidere um grupo representativo de países comprometidos com a paz na tarefa de restituir à organização a prerrogativa de ser a casa do entendimento e do diálogo”, disse o presidente.
Essa declaração foi feita no Canadá, durante intervenção na Sessão Ampliada da Cúpula do G7. O Brasil não faz parte do grupo, mas é convidado para participar de discussões amplificadas. O G7 é formado por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também participou do evento.

O discurso de Lula não foi transmitido, e o Palácio do Planalto divulgou uma transcrição da fala do presidente. Conforme o texto divulgado pelo governo, o líder brasileiro afirmou novamente que, pela via militar, Ucrânia e Rússia não atingirão seus objetivos na guerra que se arrasta há mais de três anos.
“Todos nesta sala sabem que, no conflito na Ucrânia, nenhum dos lados conseguirá atingir seus objetivos pela via militar. Só o diálogo entre as partes pode conduzir a um cessar-fogo e pavimentar o caminho para uma paz duradoura”, disse.
Lula também comentou o conflito na Faixa de Gaza, afirmando que nada justifica a “matança indiscriminada de milhares de mulheres e crianças e o uso da fome como arma de guerra”.
Outro assunto abordado durante seu discurso no encontro foi que o mundo ainda não aceita que a diversificação é chave para a segurança energética e ressaltou o protagonismo Brasileiro em investir em energias renováveis em larga escala.
“Somos hoje o segundo maior produtor mundial de biocombustíveis, fomos pioneiros no desenvolvimento de motores flexíveis. Nossa gasolina tem 30% de etanol em sua composição e nosso diesel conta com 15% de biodiesel. Veículos híbridos já são realidade na nossa indústria automobilística. Estamos na vanguarda na produção do hidrogênio verde e do combustível sustentável de aviação.”
Ele pontuou que a expansão de parques eólicos e solares e a descarbonização do setor de transportes e da agricultura dependem de minerais estratégicos e lembrou que o Brasil conta com a maior reserva mundial de nióbio, a segunda de níquel, grafita e terras raras e a terceira de manganês e bauxita.
“Mas não repetiremos os erros do passado. Durante séculos, a exploração mineral gerou riqueza para poucos e deixou rastros de destruição e miséria para muitos. Ela não deve ameaçar biomas como a Amazônia e os fundos marinhos”, alertou o presidente.
Ele citou o papel brasileiro na produção de biocombustíveis, o uso de fontes limpas de energia, a produção do hidrogênio verde e do combustível sustentável de aviação.
Lula defendeu ainda a retomada do protagonismo da ONU nas negociações de paz.
“No Haiti, a comunidade internacional permanece indiferente ao cotidiano de caos e atrocidades perpetradas pelo crime organizado. O vácuo de liderança agrava esse quadro. Estão sentados em torno desta mesa três membros permanentes do Conselho de Segurança e outras nações com tradição na defesa da paz: é o momento de devolver o protagonismo à ONU”, concluiu.