O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, afirmou nesta segunda-feira (16) que os Estados Unidos podem interromper os ataques israelenses com “um telefonema”.
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“Basta um telefonema de Washington para silenciar alguém como (o primeiro-ministro Benjamin) Netanyahu. Isso abriria caminho para o retorno da diplomacia”, afirmou em seu perfil no X. “Se o presidente (Donald) Trump leva a diplomacia a sério e está interessado em interromper esta guerra, os próximos passos são importantes”.
Ele completou sua fala com o seguinte posicionamento:
“Israel deve pôr fim a esta agressão e, na ausência de uma cessação completa da agressão militar contra nós, nossa resposta continuará”, acrescentou.
Texto feito com informações da © Agence France-Presse
Qual a motivação dessa fala?
Recentemente, o governo do Irã acusou os Estados Unidos (EUA) de estarem por trás dos ataques de Israel e suspendeu as negociações com Washington sobre o programa nuclear do país persa, que estavam previstas para este domingo (15), em Omã.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baqaei, afirmou que não faz sentido negociar com o principal cúmplice da agressão contra Teerã.
“Os EUA, apesar de todas as suas alegações sobre diálogo e diplomacia, apoiaram a agressão do regime sionista, incluindo o ataque às instalações nucleares pacíficas do Irã”, disse Esmail nesta segunda-feira (16) durante coletiva de imprensa.
Além disso, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyyed Abbas Araghchi, em comunicado publicado também nesta segunda-feira, defendeu que a agressão de Israel não seria possível sem o apoio dos EUA.
“Temos evidências sólidas de que forças e bases americanas na região auxiliaram os ataques do regime sionista. Monitoramos de perto e possuímos provas substanciais de como as forças americanas auxiliaram o regime sionista, mas mais reveladoras do que nossas evidências são as declarações explícitas do presidente dos EUA expressando apoio. Portanto, consideramos os EUA cúmplices desses ataques e exigimos que assumam a responsabilidade”, disse o ministro.
Segundo publicação da Agência Brasil, o analista militar e especialista em geopolítica, Robinson Farinazzo, avalia que os ataques de Israel contra o Irã durante negociações com os EUA quebraram a confiança entre os países, o que pode inviabilizar um futuro acordo e terão consequências duradouras para o Oriente Médio.
“Mesmo que a guerra acabe agora, a confiança foi quebrada, tanto do Irã com Israel, como de Israel com os Estados Unidos. Isso pode levar a que o Oriente Médio acabe se nuclearizando. Se o Irã fizer sua bomba nuclear, provavelmente a Arábia Saudita e a Turquia vão fazer a sua também. Houve quebra de confiança porque Israel atacou o Irã enquanto negociava com os Estados Unidos”, disse o especialista.
Ainda que o ministro Seyyed tenha informado que recebeu por “vários canais” mensagens informando que os EUA não tiveram envolvimento no ataque, ele afirma que o Irã não acredita nessa posição e que tem evidências que dizem o contrário.
“Se os EUA realmente defendem essa posição, deveriam declarar pública e explicitamente sua posição. Mensagens privadas são insuficientes. Para demonstrar boa vontade, os EUA devem condenar o ataque às instalações nucleares e distanciar-se claramente deste conflito”, completou o chanceler iraniano.
Em suas redes sociais, Donald Trump elogiou o ataque de Israel na última sexta-feira (11) e sugeriu ao Irã que aceitasse o acordo sobre o programa nuclear de Teerã para evitar novos ataques.