Lula articula para que CPMI do INSS não afete o governo

A criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o esquema bilionário de corrupção no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que ocorreu entre 2019 e 2024, deflagrado pela Polícia Federal, ganhou força no Congresso Nacional. Com o apoio de 270 parlamentares — sendo 39 senadores e 231 deputados, número acima do mínimo exigido —, a instalação da comissão parece inevitável. Diante desse cenário, o governo Lula traça estratégias para enfrentar a crise política e tentar ganhar tempo.

LEIA TAMBÉM: Governo muda regras do ensino a distância para cinco cursos superiores

A leitura do requerimento de criação da CPMI está prevista para a próxima sessão do Congresso, marcada para a próxima terça-feira (27). Contudo, o governo trabalha para adiar essa sessão para o mês de junho, ganhando tempo suficiente para que as investigações em andamento possam apontar o envolvimento de políticos da oposição e do Centrão, o que poderia reduzir o ímpeto pela instalação da comissão. O governo aposta em encontrar uma relação da fraude com o governo anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que faria a CPMI perder fôlego.

O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), foi uma peça central nas articulações. Segundo fontes do Palácio do Planalto, ele comunicou à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que poderá adiar a leitura do requerimento, o que daria ao governo mais margem para se reorganizar. Apesar disso, Alcolumbre também teria alertado que a oposição pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal, exigindo a instalação da CPMI mesmo sem o aval da cúpula do Congresso — como já ocorreu em outras ocasiões.

O Planalto vê a comissão como uma ameaça significativa. Assim como qualquer CPMI, a investigação sobre irregularidades no INSS pode gerar desgaste político, especialmente em um momento de fragilidade institucional e tensão entre os Poderes. Este momento também pode servir poder de barganha para a oposição, assim como um atraso em pautas sociais, econômicas e políticas no Congresso Nacional.

O governo entende que, uma vez lida a solicitação da CPMI, o processo seguirá seu curso, com a instalação do colegiado, a eleição do presidente e a escolha do relator da comissão.

Nos bastidores, a movimentação continua intensa. O governo tenta evitar que a CPI se transforme em um palanque político para a oposição e busca formas de conter o avanço do desgaste institucional. Apesar dos esforços para adiar o processo, a pressão de parte significativa do Senado e da Câmara indica que a abertura da CPMI será apenas uma questão de tempo.

Autor

  • Ricardo Lacava

    Ricardo Lacava é veterinário graduado pela UNESP, mestrado pela UFSC e Doutorado pela UNESP/Harper Adams University (Sanduíche/Reino Unido). Graduação em letras pela UFSCAR em andamento. Servidor público federal do Ministério da Agricultura desde 2008. Menção honrosa no Prêmio Literário Cidade de Manaus 2024. Autor do romance “Infecundo Solo”, segundo lugar no Prêmio José de Alencar do Concurso Internacional de Literatura União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, 2017. Vencedor do Prêmio Literário Uirapuru 2019 com o livro “Astúncio, o estúpido esclarecido” e do XIV Prêmio Literário Livraria Asabeça 2015 com a obra “O Canto do Urutau (A Lenda do Mãe-da-lua)”. http://lattes.cnpq.br/3957903174743776

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *