Ciro Gomes: O nome certo do centro para a próxima eleição Presidencial?

Ciro Gomes é uma figura incontornável na política brasileira. Com mais de quatro décadas de vida pública, ele já foi governador do Ceará, ministro da Fazenda, ministro da Integração Nacional, deputado federal, prefeito e quatro vezes candidato à Presidência da República. Apesar de tanta bagagem, ainda não alcançou o posto que mais deseja — o de presidente do Brasil. E, ao que tudo indica, está disposto a tentar mais uma vez em 2026.

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Em um momento de fragilidade institucional e desalento popular com as principais lideranças nacionais, Ciro Gomes ressurge como uma alternativa para o eleitorado de centro. De um lado, Jair Bolsonaro está enredado em múltiplos processos na Justiça Eleitoral e no STF, correndo risco real de inelegibilidade. De outro, o governo Lula atravessa uma crise de desempenho, com economia estagnada, escândalos de corrupção e derrota expressiva nas eleições municipais de 2024.

Neste cenário de desgaste dos polos, o nome de Ciro volta a circular com força entre analistas e eleitores em busca de uma “terceira via”.

Ciro Gomes
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Reaproximação com Cid e o esforço por unidade

Nos bastidores, Ciro Gomes também busca reorganizar suas frentes. Após um período conturbado de distanciamento do irmão, o senador Cid Gomes, os dois voltaram a se alinhar politicamente. Cid anunciou recentemente que estará com Ciro em 2026 — um gesto de reconciliação importante para a imagem de Ciro como possível agregador de forças.

A simbologia vai além do afeto familiar. No Ceará, os irmãos Gomes ainda detêm influência política considerável, especialmente no interior do estado e junto à militância de esquerda que se afastou do PT. Essa base pode ser um trunfo estratégico no início de campanha.

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Ciro Gomes lidera cenário sem Lula e Bolsonaro

Uma pesquisa recente do Datafolha mostrou um dado que animou aliados: num cenário hipotético sem Lula e Bolsonaro, Ciro Gomes lidera a corrida presidencial de 2026. Nessa simulação, Fernando Haddad aparece em terceiro lugar, e nomes como Eduardo Leite e Tarcísio de Freitas ainda têm índices tímidos.

Esse resultado demonstra dois fatores importantes. Primeiro, que Ciro mantém um recall político significativo entre os eleitores que rejeitam os extremos. Segundo, que há um vácuo evidente de liderança no centro político, especialmente se Lula e Bolsonaro estiverem fora da disputa.

No entanto, essa “fotografia do momento” não pode ser lida como tendência. É preciso lembrar que Ciro também liderava pesquisas em fases iniciais de pleitos anteriores — e terminou fora do segundo turno.

Ciro Gomes.
Reprodução/Redes Sociais

A nova ameaça do centro: federação PSDB–Podemos

Enquanto Ciro se movimenta, outros atores no campo centrista também se articulam. A federação recém-anunciada entre PSDB e Podemos, costurada por Aécio Neves, quer formar um nome competitivo para ocupar o centro em 2026. A aposta passa por figuras como Eduardo Leite, Simone Tebet e Rodrigo Pacheco — nomes com apelo mais institucional e menos polarizador.

A movimentação pode representar o principal desafio para Ciro dentro do próprio campo centrista. Enquanto ele adota um estilo agressivo, crítico e muitas vezes solitário, a federação pretende construir uma candidatura que une moderação, experiência e viabilidade política. Será um embate entre um centro combativo e um centro diplomático.

Essa disputa deve se tornar o primeiro grande teste de Ciro Gomes em 2026: convencer o eleitorado e o sistema político de que ele é a alternativa viável, mesmo diante de um centro mais “palatável” aos olhos do mercado e da mídia.

Ciro x Tarcísio: o embate da direita técnica contra o centro rebelde?

Outro nome que pode entrar com força na disputa de 2026 é Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro. Caso o ex-presidente seja impedido de concorrer, Tarcísio deve assumir o protagonismo da direita conservadora, com um discurso mais técnico e menos ideológico — ao menos na forma.

O embate entre Ciro Gomes e Tarcísio seria emblemático. Ambos se apresentam como preparados, experientes, com propostas econômicas consistentes — mas partem de visões de mundo completamente diferentes. Ciro defende um nacional-desenvolvimentismo forte, com presença estatal e foco em industrialização. Já Tarcísio é defensor de políticas liberais e conservadorismo nos costumes.

Esse confronto poderia forçar Ciro a disputar não apenas votos de centro, mas também fatias do eleitorado mais pragmático da classe média e dos grandes centros urbanos — onde sua retórica ainda encontra resistência.

A rejeição: o eterno calcanhar de Aquiles de Ciro Gomes

Apesar da conjuntura parecer favorável para uma nova tentativa, Ciro Gomes enfrenta um inimigo poderoso: sua altíssima rejeição. Segundo o próprio Datafolha, cerca de metade do eleitorado afirma que não votaria nele de jeito nenhum. Um número crítico para quem quer chegar ao segundo turno.

Esse cenário de rejeição é resultado direto de seu histórico de confrontos, rompimentos e discursos inflamados. Ciro foi ganhando a fama de “quase” em todas as eleições que disputou — alguém que apresenta boas ideias, mas que falha em formar alianças sólidas e em manter o diálogo com atores diversos.

A eleição de 2022 foi um retrato disso. Ao partir para o ataque contra Lula e Bolsonaro simultaneamente, Ciro isolou-se e perdeu apoio de todos os lados. Sua performance final foi desastrosa: 3% dos votos e o pior resultado de sua carreira presidencial.

Ciro Gomes: o eterno quase?

Ciro Gomes, em 2026, pode novamente ser um dos candidatos mais preparados tecnicamente. Seu diagnóstico do país é claro, sua trajetória administrativa é sólida, e suas propostas têm coerência e profundidade. Mas o cargo que persegue há décadas exige mais do que preparo.

Para finalmente romper sua sina de “eterno quase”, Ciro Gomes precisa mudar. Diminuir o tom, buscar alianças reais, aceitar a diversidade política e, sobretudo, conter o impulso de monopolizar o debate. O Brasil de 2026 não quer apenas um debatedor afiado — quer um líder que une.

No entanto, com a rejeição em alta, competidores organizando-se no centro, e a ascensão de novos nomes na direita, parece mais provável que Ciro reviva sua trajetória de isolamento do que alcance o Planalto.

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Um comentário

  • O candidato mais preparado do Brasil…. Pra não chegar no segundo turno. Ele não aprende nada a cada eleição, continua cometendo os mesmos erros, isolando aliados e culpando o sistema.

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