Mauro Cid nega plano de fuga e autoria de mensagens atribuídas a ele, diz defesa após depoimento à PF

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, negou, nesta sexta-feira (13), em depoimento à Polícia Federal (PF) que estivesse articulando uma fuga do Brasil. A oitiva, que durou mais de três horas, aconteceu após a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitar sua prisão, alegando risco de evasão do país com base na viagem de quatro familiares aos Estados Unidos.

LEIA TAMBÉM: Com novos ataques e alerta global, tensão Israel-Irã entra no segundo dia

A prisão chegou a ser autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas foi revogada antes de sua execução. A PF, no entanto, cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Cid e recolheu seu celular para perícia.

Segundo a defesa, Cid refutou qualquer intenção de deixar o Brasil, bem como a autoria das mensagens atribuídas a ele que circularam nas últimas semanas.

“Ele deixou claro que não buscou passaporte português e que não mantinha contatos com o ex-ministro Gilson Machado desde o fim do governo Bolsonaro”, afirmou a defesa em nota.

A investigação aponta que Machado teria procurado o consulado de Portugal, em Recife, com o suposto objetivo de obter cidadania portuguesa para Cid — o que, se confirmado, poderia configurar tentativa de obstrução à Justiça. Ele foi preso na mesma operação da PF que teve Cid como alvo.

Em relação às mensagens reveladas pela revista Veja, nas quais Cid supostamente tratava de delações premiadas e planos de deixar o país, a defesa foi categórica ao dizer que o conteúdo é “fraudulento” e que Cid “jamais escreveu tais comunicações”.

Mauro Cid (esquerda) chegou à sede da PF, em Brasília, acompanhado de seu advogado Cézar Bitencourt (direita) - Foto: Ton Molina/STF
Mauro Cid (esquerda) chegou à sede da PF, em Brasília, acompanhado de seu advogado Cézar Bitencourt (direita) – Foto: Ton Molina/STF

A PGR justificou o pedido de prisão com base em “indícios relevantes” de articulação para escapar das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, processo no qual Cid é réu junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O documento também aponta a existência de “elementos sugestivos” de favorecimento pessoal por parte de Machado, que poderiam configurar crime de obstrução de justiça.

A defesa de Gilson Machado negou qualquer irregularidade, afirmando que o ex-ministro buscava resolver pendências relacionadas ao passaporte de seu pai, e não de terceiros.

Com o celular de Cid sob análise e novos desdobramentos em curso, a PF continua apurando se há de fato um esquema articulado para viabilizar a fuga do tenente-coronel. O STF deverá avaliar o mérito do pedido de prisão nos próximos dias, enquanto Cid permanece em liberdade, mas sob vigilância das autoridades.

Autor

  • Nicolas Pedrosa

    Jornalista formado pela UNIP, com experiência em TV, rádio, podcasts e assessoria de imprensa, especialmente na área da saúde. Atuou na Prefeitura de São Vicente durante a pandemia e atualmente gerencia a comunicação da Caixa de Saúde e Pecúlio de São Vicente. Apaixonado por leitura e escrita, desenvolvo livros que abordam temas sociais e histórias de superação, unindo técnica e sensibilidade narrativa.

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *