A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil nesta terça-feira (3), poucos dias após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão em regime fechado, além da perda de mandato e da inelegibilidade. Zambelli alegou estar viajando para a Europa para tratamento de saúde e prometeu recorrer da decisão que a afastou da Câmara dos Deputados.
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“Estou fora do Brasil há alguns dias”, declarou Zambelli, em entrevista ao canal AuriVerde no YouTube. Ela afirmou ter dupla cidadania europeia, o que facilita sua estadia no continente.
“Não é fuga. É um ato de resistência contra o que está acontecendo no Brasil. O Brasil vive uma ditadura e eu estou sendo perseguida politicamente”, disse.
A deputada disse ainda que vai solicitar licença não remunerada de seu cargo na Câmara, o que, segundo seu advogado Daniel Bialski, é permitido já que ela ainda pode recorrer da decisão no STF.
“Ela foi condenada a uma pena muito alta, que entendemos ser desproporcional e injusta. Vamos recorrer”, afirmou Bialski.
Zambelli foi condenada por coordenar e financiar ataques hackers ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2022. A pena incluiu também o pagamento de indenização por danos morais e coletivos de R$ 2 milhões. Mesmo condenada, seu passaporte foi liberado pelo STF, já que ainda há possibilidade de recursos.
“A minha saída do Brasil não é um ato de covardia, é um ato de resistência. Eu vou buscar justiça em tribunais internacionais para denunciar o que está acontecendo”, disse Zambelli.
A deputada também é ré em outro processo no STF, por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, em razão de um episódio em 2022 em que perseguiu um homem armada pelas ruas de São Paulo. Esse processo está parado após pedido de vista do ministro Nunes Marques, mas a maioria dos ministros já formou voto pela condenação.
A situação de Zambelli reabre o debate sobre os limites da liberdade de expressão e os deveres dos parlamentares diante da Justiça. Enquanto opositores aplaudem a decisão da Corte, aliados de Zambelli veem a condenação como perseguição política. A deputada disse que vai recorrer e que pretende continuar atuando, mesmo à distância, para denunciar o que classifica como “arbitrariedades” no Brasil.