O encontro de chanceleres do Brics, bloco que reúne as maiores economias emergentes, no Rio de Janeiro, que acontecerá na segunda e terça-feira, 29, deve resultar em uma declaração, que será publicada ainda nesta segunda-feira, 28, envolvendo o combate à crise comercial e críticas ao tarifaço do presidente norte americano, Donald Trump, em defesa da arquitetura global de multilateralismo, representada pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Até o momento, o grupo é formado por 11 membros: África do Sul, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã, Rússia e Arábia Saudita, que ainda possui status de membro convidado, por não ter finalizado a última etapa de adesão. Além desses, outros países participam das reuniões como convidados.
A CNN publicou que uma prévia dos assuntos que serão pautas no encontro dessa semana foi apresentada neste sábado, 26, pelo secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores e Sherpa do Brasil no Brics, o embaixador Mauricio Carvalho Lyrio.
“Nosso apoio é pleno ao sistema de comércio multilateral, baseado em concessões feitas por diferentes países. Ministros estão negociando para emitir uma declaração que reafirme a centralidade das negociações multilaterais do comércio. E deverão reforçar, como sempre fizeram, as críticas às medidas unilaterais de qualquer origem”, disse Lyrio.
Guerra tarifária
Mesmo sem citar diretamente os Estados Unidos, o embaixador se referiu às atuais imposições tarifárias do governo de Donald Trump sobre outros países, com foco especial na China.
O Brasil vê o Brics como mais uma oportunidade de oposição a esse tipo de medida norte-americana.
Lyrio destacou a importância de fortalecer a OMC como mediadora de conflitos globais, além de considerar como um “problema crônico” o fato de que o Órgão de Apelação (OA), responsável pelas decisões em segunda instância, esteja paralisado desde 2019, quando os EUA passaram a bloquear indicações de novos juízes.
Queda de tarifas chinesas
Trump afirmou que pode reduzir as altas tarifas impostas aos produtos chineses em entrevista coletiva no Salão Oval da Casa Branca, o que mudará o rumo da guerra comercial. O líder estadunidense pontuou que as tarifas de até 145% cairão consideravelmente, mas não serão zeradas.
Sua fala transparece um tom mais moderado após as semanas de tensão com o governo chinês. Trump pontua que pretende ser “gentil” com Xi Jinping em futuras negociações. Pequim demonstra abertura para a negociação, mas exige respeito e reciprocidade.
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