Em meio a um cenário internacional instável, Brasil e Índia reforçaram, nesta terça-feira (8), sua parceria estratégica com foco em energias renováveis. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, esteve em Brasília para um encontro oficial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que resultou na assinatura de um importante acordo de cooperação energética entre os dois países.
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O Memorando de Entendimento, assinado pelos ministérios de energia de ambos os governos, estabelece diretrizes para a colaboração técnica e científica em fontes de energia limpa, como solar, eólica, hidrelétrica, bioenergia e hidrogênio de baixa emissão. A iniciativa representa um passo concreto na transição energética e na luta global contra as mudanças climáticas.
Segundo o ministro Alexandre Silveira, a cooperação com a Índia fortalece o papel do Brasil como protagonista em soluções energéticas sustentáveis.
“Essa união acelera o desenvolvimento de tecnologias verdes, cria empregos e contribui para a segurança energética com responsabilidade ambiental”, declarou.
O encontro bilateral foi realizado logo após a Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro, e marcou o início de uma nova fase de integração entre os dois países. Durante a visita, o primeiro-ministro Modi recebeu a Ordem Nacional do Mérito, a mais alta honraria concedida pelo governo brasileiro.
Grupo de trabalho e intercâmbio técnico
Um dos desdobramentos do memorando será a criação de um grupo de trabalho conjunto, responsável por coordenar projetos, promover o intercâmbio de especialistas e estimular pesquisas inovadoras no setor de energia renovável. O acordo terá vigência inicial de cinco anos, com possibilidade de renovação.

A parceria também se insere no contexto de cooperação Sul-Sul, ampliando o engajamento de Brasil e Índia em ações globais voltadas à sustentabilidade. Capacitação técnica, troca de experiências e investimentos em tecnologia limpa estão entre os pilares da colaboração.
Durante o pronunciamento, Lula destacou que os dois países compartilham valores como a democracia, a diversidade cultural e o potencial econômico.
“Brasil e Índia não podem caminhar separados. Nossa aliança é natural e estratégica”, afirmou.
Expansão do comércio e foco em inovação
Lula aproveitou a ocasião para defender a ampliação do acordo comercial entre o MERCOSUL e a Índia, que hoje cobre apenas uma pequena parte das exportações brasileiras.
“Temos espaço para aumentar esse intercâmbio. Precisamos derrubar barreiras e explorar o potencial econômico de forma mais ampla”, disse.
Em tecnologia, o presidente brasileiro propôs a criação de um centro de excelência em transformação digital, inspirado na experiência da Índia com plataformas digitais públicas. A saúde também entrou na pauta, com a intenção de fortalecer a produção conjunta de vacinas e medicamentos.
Na área espacial, foi lembrado o lançamento do satélite Amazônia 1, realizado com suporte técnico indiano, como exemplo do potencial das duas nações em ciência e inovação.
Parceria global contra a fome e cooperação agropecuária
Outro ponto de destaque foi o apoio da Índia à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, liderada por Lula. O presidente brasileiro também fez questão de lembrar que mais de 90% do rebanho zebuíno nacional é fruto de décadas de colaboração com a Índia, por meio de parcerias em melhoramento genético.
Acordos assinados e áreas estratégicas
Durante a reunião, foram firmados seis acordos de cooperação em áreas como segurança pública, inovação digital, propriedade intelectual, agricultura, defesa e energia. Os entendimentos estão organizados em torno de cinco eixos prioritários: segurança alimentar, transformação digital, mudança climática, parcerias industriais e tecnologias emergentes.
Ao lado de Lula, Modi agradeceu a hospitalidade brasileira e destacou os laços de amizade entre os povos.
“Cada encontro com o presidente Lula fortalece minha esperança em um futuro de prosperidade para nossos países. É um momento especial para mim e para o povo indiano”, disse.
Brasil e Índia: juntos por um futuro energético limpo
Ao final do encontro, os líderes reafirmaram o compromisso de liderar a transição energética justa em nível global, com ênfase no fortalecimento da bioenergia.
“Já cooperamos na Aliança Global para Biocombustíveis. Agora, podemos ser motores de um novo modelo econômico mais limpo e inclusivo”, concluiu Lula.